ATA DA TRIGÉSIMA NONA SESSÃO ORDINÁRIA DA TERCEIRA
SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 28-5-2003.
Aos vinte e oito dias do mês de maio de dois mil e
três, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara
Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas, foi realizada a chamada, sendo
respondida pelos Vereadores Carlos Alberto Garcia, Dr. Goulart, Elói Guimarães,
João Antonio Dib, João Carlos Nedel, Juarez Pinheiro, Luiz Braz, Maria Celeste,
Maristela Maffei, Renato Guimarães e Zé Valdir. Ainda, durante a Sessão,
compareceram os Vereadores Aldacir Oliboni, Almerindo Filho, Beto Moesch,
Carlos Pestana, Cassiá Carpes, Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Darci
Campani, Elias Vidal, Ervino Besson, Haroldo de Souza, Isaac Ainhorn, João
Bosco Vaz, Marcelo Danéris, Nereu D'Avila, Pedro Américo Leal, Raul Carrion,
Reginaldo Pujol, Sebastião Melo, Valdir Caetano e Wilton Araújo. Constatada a
existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos. À
MESA, foram encaminhados: pela Comissão de Saúde e Meio Ambiente, os Pedidos de
Informações nºs 093 e 094/03 (Processos nºs 2575 e 2576/03, respectivamente);
pelo Vereador Carlos Alberto Garcia, a Indicação nº 020/03 (Processo nº
2642/03); pelo Vereador Cláudio Sebenelo, o Pedido de Informações nº 095/03
(Processo nº 2605/03); pelo Vereador Dr. Goulart, 01 Pedido de Providências e o
Projeto de Lei do Legislativo nº 121/03 (Processo nº 2580/03); pelo Vereador
Luiz Braz, o Projeto de Resolução nº 051/03 (Processo nº 2535/03); pelo
Vereador Nereu D'Avila, o Projeto de Lei do Legislativo nº 111/03 (Processo nº
2446/03); pelo Vereador Reginaldo Pujol, 01 Pedido de Providências e o Projeto
de Lei do Legislativo nº 123/03 (Processo nº 2598/03); pelo Vereador Renato
Guimarães, a Indicação nº 021/03 (Processo nº 2670/03); pelo Vereador Sebastião
Melo, o Pedido de Informações nº 096/03 (Processo nº 2625/03). Ainda, foi
apregoado Requerimento de autoria do Vereador Dr. Goulart, deferido pelo Senhor
Presidente, solicitando o desarquivamento do Projeto de Lei do Legislativo nº
105/02 (Processo nº 1729/02). Do EXPEDIENTE, constaram: Ofício nº 10174899/03,
do Senhor Sady Carnot Falcão Filho, Diretor-Executivo do Fundo Nacional de
Saúde do Ministério da Saúde; Comunicado nº 068239/02, da Senhora Mônica
Messenberg Guimarães, Secretária-Executiva do Fundo Nacional de Desenvolvimento
da Educação – FNDE. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA
POPULAR, à Senhora Nair Esther dos Santos Machado, Presidenta do Sindicato dos
Empregados no Comércio de Porto Alegre - SINDEC, que relembrou fatos ligados à
atuação do SINDEC, enfatizando estar esse sindicato atento a todos
acontecimentos que possam afetar os interesses da categoria dos comerciários
porto-alegrenses. Também, teceu críticas à abertura do comércio local aos
domingos e feriados, afirmando ser essa prática prejudicial à qualidade de vida
dos trabalhadores desse setor. Na ocasião, nos termos do artigo 206 do
Regimento, os Vereadores Nereu D'Avila, Carlos Alberto Garcia, Luiz Braz,
Cassiá Carpes, Valdir Caetano, Sebastião Melo, Raul Carrion, Marcelo Danéris,
João Carlos Nedel e Reginaldo Pujol manifestaram-se acerca do assunto tratado
durante a Tribuna Popular. Às quatorze horas e quarenta e dois minutos, os
trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quatorze horas e
quarenta e quatro minutos, constatada a existência de quórum e, após, foi
aprovado Requerimento do Vereador Haroldo de Souza, solicitando Licença para
Tratar de Interesses Particulares, nos dias vinte e oito e vinte e nove de maio
do corrente, tendo o Senhor Presidente declarado empossado na vereança o
Suplente Juvenal Ferreira, informando que Sua Excelência integrará a Comissão
de Educação, Cultura e Esportes. Na ocasião, foi apregoada Declaração firmada
pela Suplente Maria Luiza, informando seu impedimento em assumir a vereança nos
dias vinte e oito e vinte e nove de maio do corrente, em substituição ao Vereador
Haroldo de Souza. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, o
Substitutivo nº 01 ao Projeto de Lei do Legislativo nº 057/03, discutido pelos
Vereadores Luiz Braz e João Carlos Nedel, os Projetos de Lei do Legislativo nºs
106 e 109/03, este discutido pelo Vereador Renato Guimarães, os Projetos de
Resolução nºs 048 e 047/03, este discutido pelos Vereadores Luiz Braz, Zé Valdir,
Maristela Maffei e João Carlos Nedel; em 2ª Sessão, o Projeto de Resolução nº
046/03, discutido pelos Vereadores Renato Guimarães e Maristela Maffei, os
Projetos de Lei do Legislativo nºs 043, 083, 095 e 006/03, este discutido pelos
Vereadores Maristela Maffei e João Carlos Nedel, 088/03, discutido pelo Vereador
Zé Valdir, e 104/03, discutido pela Vereadora Maristela Maffei, os Projetos de
Lei do Executivo nºs 017, 018 e 019/03, o Projeto de Lei Complementar do
Executivo nº 005/03. Na oportunidade, o Senhor Presidente prestou informações
acerca do comparecimento do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre nesta
Casa, previsto para ocorrer às nove horas e trinta minutos de amanhã, ocasião
em que Sua Excelência, além de estar procedendo à entrega do Projeto de Lei que
estabelece as Diretrizes Orçamentárias para o ano de dois mil e quatro, estará
à disposição dos Senhores Líderes de Bancadas para esclarecimentos, tendo os
Vereadores Sebastião Melo e Marcelo Danéris manifestado-se a respeito do
assunto. Em TEMPO DE PRESIDENTE, o Vereador João Antonio Dib teceu críticas ao
Executivo Municipal, questionando a veracidade das justificativas alegadas pelo
Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre para a aplicação de medidas administrativas
de contenção de despesas no Município. Em relação ao assunto, opinou haver
insuficiência de fundamentação técnica nos dados de natureza contábil apresentados
pela Prefeitura Municipal. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Marcelo Danéris,
refutando as declarações prestadas pelo Vereador João Antonio Dib em Tempo de
Presidente, relativas à questão orçamentária da Prefeitura Municipal, opinou
que Sua Excelência, ao proferi-las, emitiu juízo de valor comprometedor às
relações de diplomacia que norteiam os Poderes Legislativo e Executivo. Também,
perquiriu a forma de gerenciamento dos recursos orçamentários desta Câmara
Municipal. Na oportunidade, face Questão de Ordem do Vereador Sebastião Melo, o
Senhor Presidente prestou esclarecimentos acerca do tempo regimentalmente
destinado aos Senhores Vereadores para pronunciamentos durante a presente
Sessão. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Luiz Braz, referindo-se ao teor dos
pronunciamentos dos Vereadores João Antonio Dib e Marcelo Danéris, em Tempo de
Presidente e Comunicação de Líder, respectivamente, sustentou tratar-se a
manifestação do Senhor Presidente desta Câmara Municipal de ato legítimo e
concernente ao cargo exercido por Sua Excelência. Ainda, defendeu ser função
elementar desta Casa Legislativa a fiscalização das ações do Poder Executivo. O
Vereador Sebastião Melo, reportando-se ao pronunciamento do Vereador João
Antonio Dib, no qual Sua Excelência declara haver discrepâncias entre as
declarações do Senhor Prefeito Municipal e a realidade do Orçamento do
Município de Porto Alegre, reiterou solicitação de maior acesso desta Edilidade
àquele documento financeiro. Também, indagou a motivação do Senhor Prefeito
Municipal de Porto Alegre ao proclamar a possibilidade de ocorrência de déficit
nas contas municipais. O Vereador Wilton Araújo, abordando o teor do discurso
feito pelo Vereador João Antonio Dib durante esta Sessão, em Tempo de
Presidente, solidarizou-se com Sua Excelência e classificou a função
fiscalizadora deste Legislativo como ação intransferível. Nesse sentido,
asseverou ser necessária a criação de instrumentos que possibilitem maior
fiscalização da execução das obras públicas, da aplicação dos recursos
financeiros e do cumprimento do Orçamento Público Municipal. O Vereador Elói
Guimarães, manifestando preocupação quanto às denúncias proferidas pelo
Vereador João Antonio Dib, sugeriu a constituição de Comissão de Inquérito com
a finalidade de confrontar as declarações do Senhor João Verle, Prefeito
Municipal de Porto Alegre, prognosticando a possibilidade de ocorrência de
déficit nas contas do Executivo, e as do Presidente deste Legislativo,
apresentando divergências quanto à análise do Orçamento do Município de Porto
Alegre. O Vereador Reginaldo Pujol reportou-se às medidas econômicas anunciadas
pelo Executivo Municipal para contenção de despesas públicas e analisou dados
alusivos à arrecadação municipal. Nesse contexto, questionou a divergência de
informações disponibilizadas no Diário Oficial do Município e pelo Senhor Ricardo
Collar, Secretário Municipal da Fazenda, quanto ao percentual de
comprometimento de verbas para o pagamento do funcionalismo público. O Vereador
João Carlos Nedel teceu considerações sobre a decisão do Executivo Municipal no
que concerne ao corte de despesas públicas para evitar a possibilidade de
déficit no erário e afirmou que essas deliberações têm como objetivo justificar
o atraso na realização obras públicas municipais e fazer com que este
Legislativo aprove medidas que implicarão em aumento na carga tributária para a
população porto-alegrense. O Vereador Raul Carrion debateu a situação
financeira do Município e manifestou seu apoio à atitude do Executivo
Municipal, que anunciou providências para reduzir os gastos públicos. Ainda,
comentou a passagem de um ano de falecimento do líder revolucionário João
Amazonas e enfocou as negociações para resolver a situação de ocupantes irregulares
de áreas pertencentes ao Montepio dos Funcionários do Município de Porto Alegre
e de assentamento localizado na Rua Atílio Superti. O Vereador Isaac Ainhorn
contrapôs-se aos encaminhamentos dados pelo Senhor João Verle, Prefeito
Municipal de Porto Alegre, com referência à redução nos gastos públicos. Nesse
sentido, externou a opinião de que essas declarações não têm consistência
fática e criticou o Senhor Secretário Municipal da Fazenda que, segundo Sua Excelência,
não teria dado resposta aos questionamentos formulados por Vereadores deste
Legislativo, relativamente ao assunto. A seguir, constatada a existência de quórum,
foi iniciada a ORDEM DO DIA e aprovado Requerimento verbal de autoria do
Vereador Wilton Araújo, solicitando alteração na ordem de apreciação da matéria
constante na Ordem do Dia. Foi apregoada a Emenda n° 01, de autoria do Vereador
Marcelo Danéris, Líder da Bancada do PT, ao Projeto de Lei do Executivo n°
007/03 (Processo n° 0819/03). Foi aprovado Requerimento de autoria do Vereador
Marcelo Danéris, solicitando que a Emenda n° 01, aposta ao Projeto de Lei do
Executivo n° 007/03 (Processo n° 0819/03), fosse dispensada do envio à
apreciação de Comissões Permanentes. Foi apregoado Requerimento de autoria do
Vereador Raul Carrion, deferido pelo Senhor Presidente, solicitando votação em
destaque para o artigo 1° do Projeto de Lei Complementar do Legislativo n°
022/00 (Processo n° 3197/00). Foi apregoada a Emenda n° 02, de autoria do Vereador
Raul Carrion, Líder da Bancada do PC do B, ao Projeto de Lei Complementar do
Legislativo n° 022/00 (Processo n° 3197/00). Foi aprovado Requerimento de
autoria do Vereador Raul Carrion, solicitando que a Emenda n° 02, aposta ao
Projeto de Lei Complementar do Legislativo n° 022/00 (Processo n° 3197/00),
fosse dispensada do envio à apreciação de Comissões Permanentes. Em Discussão
Geral e Votação, esteve o Projeto de Lei Complementar do Legislativo n° 022/00,
o qual, após ser discutido pelos Vereadores Darci Campani, Pedro Américo Leal,
Raul Carrion, Carlos Pestana, Elói Guimarães, Renato Guimarães, Reginaldo
Pujol, Marcelo Danéris, Juarez Pinheiro e Carlos Alberto Garcia, teve sua
votação adiada por duas Sessões, a Requerimento, aprovado, de autoria do
Vereador Luiz Braz. Durante a apreciação do Projeto de Lei Complementar do
Legislativo n° 022/00, os Vereadores Elias Vidal e Isaac Ainhorn cederam seus
tempos de discussão, respectivamente, aos Vereadores Raul Carrion e Juarez Pinheiro.
Também, foram registradas as presenças dos Vereadores Inocente Alberto Grando,
do PSB, Presidente da Câmara Municipal de São Valentim – RS, Euclésio Ludwig,
do PMDB do Município de Jari – RS, Diltone Silva, do PFL, Presidente da Câmara
Municipal de Dom Pedrito – RS, e Eliseu Ângelo de Moraes, do PDT, Presidente da
Câmara Municipal de São Luiz Gonzaga – RS. Na oportunidade, face manifestação
do Vereador Luiz Braz, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos sobre os
trabalhos da presente Sessão. Também, por solicitação do Vereador Carlos
Pestana, foi realizada verificação de quórum, constatando-se a existência do
mesmo, tendo o Senhor Presidente, face Questão de Ordem formulada pelo Vereador
Isaac Ainhorn e manifestação do Vereador Pedro Américo Leal, prestado
esclarecimentos sobre a referida verificação. Em Discussão Geral e Votação, esteve o
Projeto de Lei do Executivo nº 020/01, o qual deixou de ser apreciado, face à
inexistência de quórum. Após, face Questões de Ordem e manifestações dos
Vereadores Luiz Braz e Juarez Pinheiro, o Senhor Presidente prestou informações
sobre as normas regimentais atinentes à realização de verificações de quórum.
Também, o Vereador Luiz Braz formulou Requerimento verbal, solicitando
manifestação da Comissão de Constituição e Justiça sobre a interpretação das
referidas normas. Às dezessete horas e cinqüenta e oito minutos, constatada a
inexistência de quórum, em verificação solicitada pelo Vereador Luiz Braz, o
Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores
Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos
foram presididos pelos Vereadores João Antonio Dib, Elói Guimarães e Luiz Braz
e secretariados pela Vereadora Maria Celeste. Do que eu, Maria Celeste, 1ª
Secretária, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em
avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Passamos
à
A Sr.ª Nair Esther dos Santos Machado,
Presidenta do Sindicato dos Empregados do Comércio de Porto Alegre, SINDEC,
está com a palavra pelo tempo regimental de dez minutos.
A
SRA. NAIR ESTHER DOS SANTOS MACHADO:
Boa-tarde ao Sr. Presidente da Câmara, Ver. João Antonio Dib, Sr.ªs
Vereadoras, Srs. Vereadores e trabalhadores desta Casa, que, com tanta
cordialidade e educação, nos atendem.
Estamos aqui, mais uma vez, usando a
tribuna desta Casa para falar de uma história que não é nossa e que não está
acontecendo somente há doze anos nesta Cidade, de uma história que data de mais
de setenta anos na cidade de Porto Alegre, que começou há muitos anos, na luta
contra o “sábado inglês”. Muitos Vereadores desta Casa participaram, naquela
época, daquela luta nossa, assim como muitos Vereadores que já se foram muito
lutaram para que os comerciários não trabalhassem no sábado à tarde.
Nosso sindicato tem história, história de
trabalho, uma diretoria séria, que todos conhecem, que tem uma vida pública
ampla e conhecida. Nós jamais, em momento algum, ofendemos os Parlamentares
desta Casa; discordamos, sim. Lembro de que, certa vez, houve um episódio em
que chamamos o ilustre e hoje Presidente da Casa, Ver. João Antonio Dib, de
traidor dos comerciários. E ele usou a tribuna e disse que não era traidor. E,
realmente, nós concordamos, foi um erro nosso, porque ele nunca disse, em
momento algum, que estaria ao lado dos trabalhadores. Ele disse que sempre
estaria ao lado da sua ideologia, e nós respeitamos isso, Vereador. Aprendemos,
com o tempo, a respeitar divergências políticas. Estamos aqui, mais uma vez, no
campo ideológico. Sempre que entra um projeto nesta Casa, prejudicando a
categoria dos comerciários, nós nos movimentamos e trabalhamos muito para que
não sejam aprovados projetos que nos prejudiquem. Nós temos como exemplo
recente o Ver. Hélio Corbellini; o Ver. José Fortunati, hoje Secretário da
Educação; o Ver. Luiz Braz; o Ver. Adeli Sell, hoje Secretário da SMIC; e o
nosso companheiro, hoje, Ver. Nereu D’Avila. Nós sempre lutamos no campo
político-ideológico e conseguimos, ao longo desses anos, mostrar a nossa luta e
convencer muitos, e a maioria desses Vereadores que eu citei, de que nós
estávamos com a razão, de que estávamos certos, e isso é que nos traz força para
continuar lutando. Está mais do que provado, por intermédio não só da pesquisa
do DIEESE, que é usada pelo Governo do Estado e pelos Municípios, que a
abertura do comércio aos domingos não gerou renda, não gerou emprego. Está mais
do que provado também, por intermédio da pesquisa do IBGE, que as vendas caíram
nos últimos dois anos, que o emprego também caiu; e mais do que provado ainda,
por intermédio de estatísticas, de documentos, de depoimentos, que a nossa
categoria não promove, como disse um Desembargador, o ócio, que nós promovemos
os feriadões longos e prolongados, que nós não queremos trabalhar - porque a
nossa categoria é a que mais trabalha. Pela própria pesquisa do DIEESE, nós
trabalhamos cinqüenta e seis horas por semana. Portanto, não somos a cigarra,
somos a formiga que trabalha de segunda a segunda, sem remuneração e sem folga.
Nós somos uma categoria que, cada vez mais, tem aumentado o número de
separações, a categoria, cada vez mais, tem sentido a violência dentro dos seus
lares, com o abandono dos seus filhos, porque os pais não estão em casa com
eles, na maioria das vezes, eles estão, aos domingos, ou sozinhos em casa ou
por conta de vizinhos, sem assistência materna, paterna, sem a educação que
somente os pais conseguem dar.
Esta Casa aqui já viu muita luta, de
muitas categorias, e, com certeza, uma das categorias que mais têm lutado
contra a abertura indiscriminada do comércio aos domingos é a nossa, mas não
somos só nós os atingidos, não. Nós somos apenas o começo. Junto com os comerciários
há um grande número - enorme - de pequenos comerciantes, de médios comerciantes
que estão sendo prejudicados e continuarão sendo prejudicados pela aprovação de
plantas de megainvestimentos na cidade de Porto Alegre. Em cada avenida, existe
um shopping, quando sabemos que cada shopping gera desemprego, quebra
empresa, fecha loja e dá desemprego, não só dos comerciários que trabalham
naquelas lojas, como também, do comerciante que mantém seu pequeno negócio.
Nós nunca mudamos a nossa ideologia, nós
nunca mudamos a nossa maneira de lutar. Nós não temos nada pessoal contra
nenhum Vereador. Nós temos tudo, sim, contra quem apresenta projetos contra a
categoria. E, se por isso nos chamam de corporativistas, nós continuaremos
sendo corporativistas, sim. Porque são sessenta mil pessoas prejudicadas
diretamente e mais a sua família e os seus filhos. Nós vamos continuar aqui
lutando, como sempre, por aquilo que nós acreditamos e que nós sabemos que é a
nossa verdade, que é a verdade que todos conhecem: que é uma categoria muito
explorada, que é uma categoria que sofre, não só pela exploração, não só pelo
cansaço, não sofre apenas pelo estresse, mas de doenças pela forma repetitiva
como trabalhamos em muitos locais. Se vocês forem à Delegacia Regional do
Trabalho, vão constatar que é a categoria que mais manda denúncias de pedidos
de fiscalização e providências contra essas empresas que agem contra não só a
convenção coletiva dos trabalhadores, como agem contra a CLT - que para nós é a
nossa Bíblia sagrada, e não queremos que mude.
Nós fizemos acordo, neste ano, para
abertura do comércio aos domingos, sim, com o setor de supermercados, com o
setor de peças, com o setor de veículos e com o setor de atacadistas. Como diz
o nosso acordo, que é de conhecimento de todos, porque foi enviada a todos os
senhores, essa convenção regulamenta oito horas de trabalho com pagamento, com
folga, não só de peças, de veículos e de supermercados. Lojista foi o único
segmento que não quis fazer acordo, porque não quer pagar; porque deseja que o
comerciário trabalhe indiscriminadamente de domingo a domingo, sem folga e sem
pagar absolutamente nada, dando apenas a folga extra; e muitas empresas,
aquelas pequenas, nem têm condições de dar essa folga extra, porque não têm o
número suficiente de funcionários e porque dizem que não têm condições de
admitir mais um funcionário, porque aí, sim, quebrariam, e que só abrem por
causa da concorrência.
Para encerrar, eu gostaria, mais uma vez,
de enfatizar a postura desta entidade, desta Diretoria, o respeito que sempre
tivemos por esta Casa, pelos Srs. Vereadores, mas também dizer que estamos
estranhando a postura de um partido que sempre esteve do nosso lado, e de um
Vereador que também sempre esteve do nosso lado. Estamos estranhando que agora,
no momento em que nós mais estamos precisando dos companheiros do Partido dos
Trabalhadores - e digo companheiro porque são todos trabalhadores -, embora não
sejamos do mesmo partido, estranhamos a postura do Ver. Juarez Pinheiro. Quero
dizer pessoalmente que não há nada contra V. Ex.ª, Vereador, pelo contrário, há
contra o Projeto. E todo Projeto, repito, que entrar nesta Casa, contra os
comerciários, nós seremos contra, como fomos sempre. E não vamos nos intimidar,
não vamos parar de lutar, não vamos nos entregar, de forma alguma nós vamos
capitular e concordar com o trabalho aos domingos durante o ano inteiro, da
forma como está ocorrendo. Concordamos, no começo da discussão do Projeto do
Ver. Juarez Pinheiro, quando ele estava no esboço, regulamentando o horário de
segunda a segunda; mas quando se fala em regulamentação do horário do comércio
na cidade de Porto Alegre, todos fogem e partem apenas para o domingo. Que
regulamentem o horário de segunda a segunda, que humanizem esta Cidade, que
deixem que a família comerciária volte novamente a ser uma família comerciária,
porque esta entidade aqui vai lutar sempre por isso, para isso ela existe e
para isso o nosso sindicato existe há mais de setenta anos, lutando sempre pela
categoria, lutando sempre para a justiça e, acima de tudo, pela verdade. Muito
obrigada. (Palmas.)
(Não revisto pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Convidamos
a Presidenta Esther Machado a fazer parte da Mesa. Ao mesmo tempo, já que fui
citado nominalmente, gostaria de dizer que, ao longo de minha vida pública,
orgulhosamente, mantive a minha coerência e fui, pelo menos tentei sempre ser,
absolutamente isento.
O Ver. Nereu D’Avila está com a palavra
nos termos do art. 206 do Regimento.
O
SR. NEREU D’AVILA:
Ilustre Presidente, João Antonio Dib, cara Presidenta do Sindicato dos
Comerciários Esther Machado. Em primeiro lugar, quero dizer, claramente, que
falo em nome dos Vereadores João Bosco Vaz e Dr. Goulart.
Em segundo lugar, quero dizer que estamos
com a possibilidade - e a Presidenta Esther já esteve com outras lideranças
sindicais, com o Ministro do Trabalho, o Sr. Wagner, com a anuência do
Presidente da República - da construção de uma Medida Provisória que vem mudar
toda uma situação que, assim como a Lei de n.º 7.109, que durou, praticamente,
dez anos, nesta Cidade, e que, de repente, por mudança de Legislação Federal
viu no estuário de toda uma situação preestabelecida, que era boa para Porto
Alegre, e foi sustada, assim também é possível com o Governo Federal, que tem um
trabalhador, um metalúrgico na Presidência, possa ser mudada, também, por
Medida Provisória essa situação.
Outra questão é que há poucos dias, ontem
ou anteontem, pelo Tribunal de Justiça, foi julgado o mérito de uma ação que,
todo mundo sabe, foi de resultado negativo, mas que há recurso para Brasília e
lá a situação em muitas situações jurídicas que se pensava estarem
preestabelecidas foram reformadas. Portanto, a questão jurídica é essa, e que
tem, inclusive, a anuência do Procurador-Geral do Município, cuja competência
jurídica nós reconhecemos, inclusive com Vereadores oposicionistas.
Em terceiro lugar, pedir-se em uma
matéria, que é, no mínimo, contraditória e altamente divisional desta Casa, o
art. 81, urgência urgentíssima, no mínimo, não é uma medida sensata. Então, em
nome da união da nossa causa e não da divisão de possíveis divergências, eu
coloco, claramente: não é a melhor coisa para esta Casa, para esta Cidade,
votar-se um Projeto que, no nosso campo está sendo altamente divisional. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O
Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra, nos termos do art. 206 do
Regimento.
O
SR. CARLOS ALBERTO GARCIA:
Prezado Presidente, Ver. João Antonio Dib, prezada Presidenta Nair Esther
Machado, é muito bom ver que, cada vez que essa temática fica latente em nossa
Cidade, o Sindicato está aqui presente.
Este Vereador, desde que assumiu o seu
primeiro mandato, em 1997, sempre tem procurado ser coerente na defesa, bem
clara, de que as partes interessadas é que têm de gerir o seu entendimento. Foi
assim que foi feito, este ano, pelo acordo. Este Vereador também sempre disse
que não consegue conceber fazer-se um acordo unilateral, em que os
trabalhadores têm de trabalhar de domingo a domingo e a família ficar sem a
mínima possibilidade de se ver. Uma compensação financeira poderia ser um
estímulo, mas não é isso que foi feito por parte de um segmento.
No mandato passado, um Vereador da nossa
Bancada ingressou com um Projeto de abertura do comércio aos domingos, no qual
eu votei de forma contrária. Assim continuo votando, porque entendo que a
questão do trabalhador, em geral - não é especificamente o comerciário, mas
todos aqueles trabalhadores que estiverem nessa situação -, sempre terá o voto
contrário deste Vereador.
Portanto, em nome do Partido Socialista
Brasileiro, mais uma vez estamos engajados nesta causa, porque é uma causa de
todos os trabalhadores. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O
Ver. Luiz Braz está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O
SR. LUIZ BRAZ: Sr.
Presidente, Ver. João Dib, minha amiga Nair Esther, Presidenta do Sindicato dos
Comerciários, eu posso dizer que testemunhei a luta deste Sindicato em prol da
classe comerciária desde os meus primeiros tempos aqui na Câmara Municipal, e
que já faz mais de vinte anos que estou na Câmara Municipal. O que eu vi foi
sempre o Sindicato dos Comerciários, primeiramente com o Barbosa, depois com a
Esther, numa luta muito digna, representando aquilo que era o pensamento da
categoria no sentido de fazer com que o melhor possível pudesse acontecer, não
apenas em relação a sua categoria, mas na relação da categoria com todo o
restante da sociedade. Por isso, quando você vem a esta Casa, Esther, sempre a
dignifica; sempre que vem aqui, todos os Vereadores e todos os partidos olham
para você com muito respeito, exatamente por causa da sua luta diante dessa
categoria. Eu realmente sou contrário à legislação que hoje tramita nesta Casa,
porque acredito que ela vem apenas piorar a vida dos comerciários, ela vai
fazer o comerciário trabalhar até às 22h, quando hoje ele trabalha até às 20h.
Uma das coisas que eu vejo na argumentação do meu amigo Ver. Juarez Pinheiro, e
com o que eu não concordo, é que ele vai regrar os supermercados. Nós já
dissemos muitas vezes que os supermercados estão regrados por uma outra
legislação, e eles concordaram com o sindicato em fazer um acordo para que os
seus funcionários pudessem, de alguma forma, ser recompensados pelo trabalho
aos domingos. Eu acredito que esta Casa só fortaleceria a luta dos comerciários
no momento em que, seguindo o sindicato, pudesse também favorecer que os
lojistas seguissem as outras categorias e pudessem também reconhecer o direito
dos seus trabalhadores.
Então, parabéns a você, parabéns por essa
luta, sou um acompanhante e simpatizante do seu trabalho.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O
Ver. Cassiá Carpes está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O
SR. CASSIÁ CARPES: Sr.
Presidente, quero saudar a Esther e o sindicato, é uma satisfação recebê-los
aqui. Quero dizer que nós não mudamos, nós vamos continuar naquela linha, até
porque conhecemos muito bem o comércio, moro num bairro que tem comércio,
conheço muito o comércio do Centro, da Azenha, da Assis Brasil, os comércios
mais fortes da Capital. Este Projeto vem trazer a discórdia num momento em que
nós entendemos que devemos procurar um entendimento e não trazer mais discórdia
a uma categoria prejudicada, que vai trabalhar durante a semana e tem de
trabalhar, agora, aos domingos. Portanto, estamos torcendo que o entendimento
um dia chegue a contento. Lembro-me da primeira votação: vinte e quatro a oito;
na outra, já foi mais apertada, as pessoas foram mudando as opiniões com a
pressão externa. Mas, lastimavelmente, o que tem de se dizer é que muitos
comerciantes, que antes se consideravam pequenos, hoje dizem que não são
pequenos e querem a abertura do comércio aos domingos; estavam com vocês e não
estão mais, hoje são médios, ou eram médios e hoje são pequenos. Então, não
entendemos esse procedimento, mas sempre ficamos do lado dos comerciários.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O
Ver. Valdir Caetano está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O
SR. VALDIR CAETANO: Sr.
Presidente, Sr.ª Esther, Vereadores e pessoas que aqui estão presentes. Nós
vimos que o tempo passa e voltam a bater na mesma tecla: na questão da abertura
do comércio aos domingos. Pensávamos que este assunto já estava encerrado, mas
a cada dia que passa vemos que começam a remexer, e novamente há fumaça e “onde
há fumaça, há fogo”. Quero dizer, em nome do Partido Liberal, que a nossa
posição continua sendo a mesma, Esther, estamos convictos de que a abertura do
comércio aos domingos não é a solução para os problemas. Vimos a luta que foi -
acompanhei de perto, porque fui metalúrgico durante quatorze anos - pelas
quarenta horas semanais. Luta-se por quarenta horas semanais, por que lutam
para que seja aberto o comercio aos domingos? São certas coisas que não consigo
entender, mas consigo entender que o descanso no final de semana deve ser
mantido. Parabéns pela sua luta, muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O
Ver. Sebastião Melo está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O
SR. SEBASTIÃO MELO: Sr.
Presidente, a nossa saudação a V. Ex.ª, aos colegas Vereadores e Vereadoras,
especialmente a Presidenta Esther Machado, do Sindicato dos Comerciários. Olha,
Esther, fico muito triste, porque temos uma posição firmada sobre esta matéria,
antes mesmo de ser Vereador desta Casa, pois sempre estivemos juntos nessa luta
dos comerciários. Desde lá atrás, antes mesmo de ser Vereador, vi irmanados os
pequenos comerciantes e os comerciários, numa só luta, numa só voz e num só
brado, para preservar o comércio de rua, o pequeno comércio: padarias,
açougues, minimercados. E ao lado a gente via essa luta se somando com a dos
comerciários também. Neste momento, vejo que setores, e eu não diria na sua
totalidade, têm tido uma posição diferente. E isso nos deixa muito preocupados.
Essa é a preliminar.
Segundo, nós temos uma férrea convicção
de que esta é uma matéria que tem de ser decidida pelo Município. O princípio
federativo está sendo quebrado nesta matéria. Eu não posso tratar o comércio de
Curitiba, de São Paulo, de Fortaleza, de Goiânia e de Porto Alegre de uma mesma
maneira. Cada um tem as suas peculiaridades. E eu acho que a nossa luta, a luta
dessa categoria e a luta daqueles que têm essa convicção é de criarmos um
instrumento capaz de devolver ao Município a sua capacidade de legislar sobre
esta questão. Nós, da nossa Bancada, do PMDB - do Ver. Haroldo de Souza e deste
Vereador -, queremos dizer que achamos legítimo que qualquer Vereador postule
qualquer projeto, e não sou eu que vou dizer que tipo de Projeto um ou outro
Vereador deve colocar. Se vamos aprovar, eu tenho a minha convicção - Ver.
Juarez Pinheiro, V. Ex.ª é um homem de bem e faço um apelo a V. Ex.ª – de que
nós precisamos refletir neste momento. Temos de fazer um debate aprofundado
sobre isso, até porque eu sempre ouvi do Ver. Juarez Pinheiro que esta é uma
matéria que não se pode votar sem um grande debate. Acho que o bom senso vai
reinar, e que a gente deve produzir um debate interno, um acúmulo de debates.
Isso vai ganhar a cidadania e acima de tudo o bom senso, preservando os
interesses dos trabalhadores, que têm de estar acima de qualquer outro interesse.
Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O
Ver. Raul Carrion está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O
SR. RAUL CARRION: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, saudamos a Presidenta Esther Machado, em nome de
quem saudamos toda a categoria comerciária, as lideranças comerciárias aqui
presentes e também os pequenos comerciantes que hoje acompanham o debate. Não
precisamos dizer que há muitos anos lutamos junto com os comerciários desta Cidade,
desde o tempo do “sábado inglês” e agora pela não-abertura do comércio aos
domingos, salvo naquelas condições já permitidas pela Lei n.º 7.109. Nós sempre
dissemos que a abertura do comércio aos domingos não aumentaria as vendas, não
aumentaria o número de empregos e só aumentaria a exploração e a quebradeira
dos pequenos e médios comerciantes, principalmente os de rua.
Passado um ano da infeliz decisão do
Tribunal de Justiça, agora reafirmada, infelizmente, temos observado que os
dados econômicos indicam isso: caíram as vendas nos últimos doze meses, caíram
os empregos e aumentou a falência dos pequenos e médios comerciantes. Portanto,
não há razão nenhuma que justifique a abertura do comércio aos domingos. Por
isso, respeitosamente, desde o primeiro momento, dissemos ao Ver. Juarez
Pinheiro que não concordávamos e que lutaríamos contra o seu Projeto.
Quero dizer que, neste momento, é
indispensável que cerremos fileiras - tenho certeza que também nessa caminhada
o Ver. Juarez Pinheiro irá somar-se - para aprovar o Projeto de Emenda
Constitucional n.º 125, da Deputada Jussara Cony, que inclui na Constituição
Estadual o direito de o Município legislar sobre os dias de funcionamento, o
que aliás, como já disse o Ver. Sebastião Melo, está no espírito da Constituição,
no art. 30, inciso I.
Em segundo lugar, é necessário fazer um
recurso ao Superior Tribunal de Justiça, que é quem pode revogar essa decisão
infeliz do Tribunal do Rio Grande do Sul, e, por último, lutar por uma nova
legislação federal que coíba de vez esse problema. Vocês devem se lembrar que
foi Fernando Henrique Cardoso quem fez uma medida provisória e, depois, a Lei
n.º 10.101, que permitiu a abertura do comércio aos domingos. Muito obrigado.
Contem com a Bancada do Partido Comunista do Brasil como sempre contaram.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O
Ver. Marcelo Danéris está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O
SR. MARCELO DANÉRIS: Sr.
Presidente, Ver. João Dib; Sr.ª Nair Esther Machado, Presidente do SINDEC;
todos os trabalhadores comerciários que hoje estão aqui e também os pequenos e
médios comerciantes que também estão aqui, quero dizer, em nome da Bancada do
Partido dos Trabalhadores, que o Partido dos Trabalhadores é e continuará sendo
contra a abertura do comércio aos domingos; lutará, sempre, contra a abertura
do comércio aos domingos. Esta é a nossa posição histórica, esta é a posição de
quem não quer ver a exploração dos trabalhadores e nem quer ver o pequeno e o
médio comerciantes quebrarem. Esse é um compromisso da Bancada do Partido dos
Trabalhadores e do Partido dos Trabalhadores, mas queremos dizer também que, em
respeito ao Projeto do Vereador e companheiro Juarez Pinheiro, companheiro este
de longa história de lutas em defesa dos trabalhadores, contra a exploração dos
trabalhadores e contra a exploração que se faz ao pequeno e ao médio comércio,
este companheiro que vem de longa data, também, lá desde o “sábado inglês”, a
Bancada do Partido dos Trabalhadores tomará a posição que o partido tomar, e o
Partido dos Trabalhadores se reunirá para tomar posição em relação ao Projeto
do companheiro Juarez Pinheiro. Esta será a posição da Bancada do Partido dos
Trabalhadores, tendo muito claro que lutaremos junto com a companheira Jussara
Cony, junto com vocês, junto com todo o movimento que temos de fazer
nacionalmente para garantir que o comércio, aos domingos, não abra, não só em
Porto Alegre, não só no Rio Grande do Sul, mas em todo o Brasil, para garantir
o direito do trabalhador ao lazer, à relação com a sua família, ao descanso,
aos seus direitos, que não são nenhum favor, mas sim uma conquista já adquirida
que querem retirar dos trabalhadores hoje. Estaremos lutando ao lado dos
trabalhadores exatamente para garantir cada vez mais conquistas e não menos
conquistas.
Queremos reafirmar esta posição e colocar
aqui, claramente, que a Bancada do Partido dos Trabalhadores desta Câmara junto
com o Partido dos Trabalhadores no Município de Porto Alegre tomará posição em
relação ao Projeto do companheiro Juarez Pinheiro, e a posição tomada pelo
partido será a posição da Bancada aqui na Câmara Municipal.
Eu desejo uma boa luta para todos nós, e
podem ter certeza, tanto os trabalhadores quanto o pequeno e o médio
comerciantes e os sindicatos que estejam nessa luta, que estaremos onde sempre
estivemos: ao lado deles, lutando cada vez mais, a cada dia, para garantir mais
e mais os direitos que esses trabalhadores, que esses setores têm frente à
nossa Constituição, frente ao chamado mercado de trabalho, que gostamos de
chamar “o mundo do trabalho”. Obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O
Ver. João Carlos Nedel está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O
SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr.
Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, dou as boas-vindas à
Presidenta do Sindicato dos Empregados no Comércio de Porto Alegre, Sr.ª Nair
Esther dos Santos Machado. Entendo que este assunto, Sr.ª Presidenta, está sob
a jurisdição da Justiça. Acredito que deveríamos aguardar uma decisão
definitiva a respeito. Mas eu tenho uma boa notícia para os comerciários: a
Manlec abriu uma loja nova e, embora tenha remanejado uma outra loja, admitiu
cem novos comerciários, abriu cem novos empregos na sua loja. Dentro de
quarenta dias, vai inaugurar uma outra loja na Av. Ipiranga, que irá empregar
mais quarenta e cinco comerciários. Esta é uma notícia boa: cento e quarenta e
cinco novos empregos.
Eu tenho a certeza de que a senhora está
a par de que, na indústria, em Porto Alegre, há aumento de desemprego. No
comércio, não há aumento de desemprego, em virtude da atual abertura do
comércio aos domingos. Seja muito bem-vinda.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O
Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra, nos termo do art. 206 do Regimento.
O
SR. REGINALDO PUJOL: Sr.
Presidente e Ilm.ª Sr.ª Presidenta do Sindicato dos Empregados no Comércio, que
continua na sua luta na afirmação das posições que os seus companheiros
entendem como a correta, eu quero apresentar minhas respeitosas boas-vindas, em
que pese ela saber que eu tenho uma posição absolutamente definida - nunca
enganei ninguém, nunca vou enganar ninguém -, o que não me impede de ter muita
consideração pelo seu trabalho e pela sua liderança.
A senhora continua na sua luta, e eu
continuo na minha. Seja sempre bem-vinda a esta Casa, que é a Casa onde tem de
haver contraposição. Não pode ser uma Casa das unanimidades e, muito menos, dos
enganos. Quem tem posição tem de definir. A minha é clara: sempre fui e
continuarei sendo favorável à abertura do comércio aos domingos, que eu entendo
não prejudicar os comerciários, e que a senhora entende diferentemente. Na
nossa divergência, a afirmação democrática e o pluralismo desta Casa. Seja
sempre bem-vinda para nós continuarmos nossa discussão em alto nível, com
coerência, firmeza e sem titubear em afirmar as posições de cada um.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Agradeço
à Presidenta, à diretoria do SINDEC e aos comerciários que aqui estiveram.
Agradeço a todos pela elevação do debate. Estão suspensos os trabalhos para as
despedidas.
(Suspendem-se os trabalhos às 14h42min.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib – às
14h44min): Estão
reabertos os trabalhos.
O
Ver. Haroldo de Souza solicita Licença para Tratar de Interesses Particulares
no período de 28 a 29 de maio.
(Obs.:
Foi aprovado o Requerimento do Ver. Haroldo de Souza e dada posse ao Suplente,
conforme consta na Ata.)
Passamos à
(05 oradores/05 minutos/com aparte)
1.ª SESSÃO
PROC.
1691/03 - SUBSTITUTIVO N.º 01, de
autoria do Ver. João Carlos Nedel, que revoga a Lei n.º 7.675, de 13 de outubro
de 1995, que trata da afixação pública dos preços das embalagens distribuídas
gratuitamente pelos estabelecimentos comerciais, ao PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 057/03, de autoria do Ver. Darci
Campani.
PROC.
2341/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 106/03, de autoria do Ver. Haroldo de Souza, que
dispõe sobre o Programa de Prevenção e Controle do Diabetes nas crianças e
adolescentes matriculados nas creches e demais estabelecimentos da rede
municipal de ensino.
PROC.
2400/03 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 047/03, de autoria do Ver. Juarez Pinheiro, que concede o título
honorífico de Cidadão Emérito de Porto Alegre ao Poeta, ex-Desembargador e
Senador José Paulo Bisol.
PROC.
2414/03 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 048/03, de autoria da Ver.ª Margarete Moraes, que concede o prêmio literário “Érico Veríssimo” ao Dramaturgo Ivo
Bender.
2.ª SESSÃO
PROC.
0416/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 006/03, de autoria do Ver. Sebastião Melo, que dispõe sobre a indenização às
vítimas de acidentes decorrentes da má conservação das vias públicas e danos em
seus veículos ou bens em seu interior, quando estacionados em áreas públicas
pagas, no Município de Porto Alegre, e dá outras providências.
PROC.
1970/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 088/03, de autoria da Ver.ª Margarete Moraes,
que estabelece reserva de vagas para estágio a estudantes portadores de
deficiência em órgãos públicos municipais.
PROC.
2021/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 095/03, de autoria do Ver. João Bosco Vaz, que
altera § 1.º do art. 2.º da Lei n.º 4.629, de 23 de novembro de 1979, e
alterações posteriores, que dispõe sobre a concessão de reajustes tarifários
para os serviços de táxis e táxis-lotação.
PROC.
2329/03 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 017/03, que
revoga a declaração de utilidade pública da Associação Comunitária
Cidade Intercap – AACI, estatuída pela Lei n.º 5.417, de 28 de maio de 1984.
PROC.
2330/03 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 018/03, que revoga a declaração de utilidade
pública do Coral de Câmara Pró Arte, estatuída pela Lei n.º 3.150, de 05 de
julho de 1968.
PROC.
2332/03 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO N.º 005/03, que altera os Anexos 1.1, 1.2, 7.1 e 7.2
da Lei Complementar 434, de 1.º de dezembro de 1999, ajusta os limites das UEUs
134 e 136 da MZ 3 e de suas Subunidades e dá outras providências.
PROC.
1929/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 083/03, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que denomina Rua Professor Laudelino
Medeiros um logradouro público cadastrado, localizado no Bairro Rubem Berta.
PROC.
2225/03 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 104/03, de autoria do Ver. Aldacir Oliboni, que
proíbe a comercialização de produtos acondicionados em garrafas de vidro ou
assemelhados, em qualquer local a menos de 150 metros da orla do Guaíba, no
Município de Porto Alegre.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O
Ver. Renato Guimarães está com a palavra para discutir a Pauta.
O
SR. RENATO GUIMARÃES: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras, eu destaco dois
Projetos em Pauta: um deles de nossa autoria que pede o apoio dos Srs.
Vereadores e das Sr.ªs Vereadoras para concedermos a uma banda
local, de reggae, chamada “Produto
Nacional”, o Prêmio Artístico Lupicínio Rodrigues. Essa Banda, além de ser
produto da casa, faz um trabalho voltado para as questões sociais; se destaca
por ter uma produção voltada a debater as questões raciais, de classe e
sociais. Portanto, pedimos o apoio das senhoras e dos senhores Vereadores para
aprovarmos esse Prêmio Lupicínio Rodrigues, para fazer com que essa Banda venha
à Casa, seja homenageada pela Casa e, também, nos dê uma homenagem apresentando
o seu material. Então, este é o primeiro ponto da Pauta que eu gostaria de
estar destacando, chamando a atenção das Sr.ªs e dos Srs.
Vereadores.
Outro assunto, também da Pauta, que eu
destaco, é um Projeto, Ver. Pedro Américo Leal, da Ver.ª Margarete Moraes que,
do meu ponto de vista, é importante. Nós já tivemos, por três situações, um
evento internacional, que é conhecido em todo mundo, que é o Fórum Social
Mundial. A Ver.ª Margarete Moraes solicita à Casa que coloque a data do Fórum
Social Mundial como uma Data Oficial do Calendário de Porto Alegre. A Cidade
não pode deixar esse evento no esquecimento, pelo contrário, para Porto Alegre
é muito importante a construção do Fórum Social, a construção do debate de um
“Outro Mundo é Possível”, porque todo o mundo reconhece isso, sendo, portanto,
importante que os Vereadores desta Casa contribuam para isso também.
Solicito, novamente, a atenção dos Srs.
Vereadores para que façamos, com a brevidade possível, a aprovação, ainda nesse
semestre, a premiação à banda gaúcha “Produto Nacional”, que possui um pessoal
engajado, trabalhando com o reggae a
questão social, da raça, às questões voltadas à discriminação e à exclusão
social. Portanto, devemos homenagear essa atividade cultural que é o que produz
a banda “Produto Nacional”, solicitando a eles que aqui apresentem a sua
produção musical. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Comunico
aos Srs. Vereadores que amanhã, às 9h30min, no Gabinete da Presidência, S.
Ex.ª, o Sr. Prefeito Municipal trará o Projeto de Lei de Diretrizes
Orçamentárias para o próximo ano. Após a entrega do Projeto de Lei de
Diretrizes Orçamentárias, o Sr. Prefeito estará à disposição de todas as
Lideranças para responder todas as questões que lhe forem dirigidas.
O
SR. SEBASTIÃO MELO: Sr.
Presidente, sobre o tema anunciado por V. Ex.ª, eu apenas queria clarear.
Houve, aqui, um anúncio do Líder do Governo, na semana passada, dizendo da
vinda do Sr. Prefeito a este Plenário. É um direito que ele tem, e vem se
quiser; portanto, eu apenas estou dizendo que foi o anúncio do Líder do
Governo. V. Ex.ª, então, está dizendo que a regra do jogo, se é que ela tinha
sido estabelecida, foi mudada. O Prefeito não virá mais ao Plenário, o Prefeito
vem entregar a LDO e, conseqüentemente, receberá as Lideranças. É isso que V.
Ex.ª está dizendo?
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Correto, nobre Vereador. O Prefeito,
evidentemente, tem a sua agenda. Não há dúvida alguma de que ele tem de
entregar na Casa, e tem prazo determinado. Sexta-feira será o último dia para a
entrega do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias. Foi anunciado que o
Prefeito compareceria à Casa e esse comparecimento está acontecendo. Eu acho
que formular perguntas, formular questões no Plenário ou no Salão Nobre da
Presidência, não há de ter diferença, porque o Salão Nobre da Presidência está
aberto a todos os Srs. Vereadores. Eu acho que não há impedimento nenhum e,
evidentemente, nós não podemos submeter a agenda do Prefeito aos nossos
interesses. Eu entendi a colocação de V. Ex.ª, mas já estou tentando responder
a alguém se fizer uma nova questão; já expliquei tudo, porque no entendimento
deste Vereador tinha de ser explicado.
O
SR. MARCELO DANÉRIS: Sr.
Presidente, só para esclarecer que o Prefeito garantiu que viria à Câmara para
conversar com os Vereadores - inclusive não só sobre a LDO, como foi até
noticiado, mas também sobre as medidas tomadas em relação à possibilidade do
déficit -, para conversar com todos os Líderes dos Partidos, junto com o
Presidente da Câmara, para dar todos os esclarecimentos necessários e abrir o
debate, exatamente em respeito ao Legislativo. Estamos, inclusive, antecipando
a vinda do Prefeito, exatamente porque esse tema merece a máxima reflexão de
todos nós. Então, só para garantir isso: que o Prefeito se comprometeu a vir à
Câmara e debater com os Vereadores as questões que envolvem a Prefeitura.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O
Ver. Luiz Braz está com a palavra para discutir a Pauta.
O
SR. LUIZ BRAZ: Sr.
Presidente, Ver. João Antonio Dib; Ver.ª Maria Celeste, também compondo a Mesa;
Srs. Vereadores, Sr.ªs Vereadoras, senhoras, senhores; em Pauta um
Substitutivo, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que revoga a Lei n.º 7.675,
de 13 de outubro de 1995, que trata da fixação pública dos preços das
embalagens distribuídas gratuitamente pelos estabelecimentos comerciais. Ora,
Ver. João Carlos Nedel, V. Ex.ª tem absoluta razão, esta Casa acabou legislando
de uma forma incorreta, pelo menos na visão deste Vereador, querendo que os
supermercados, Ver. Pedro Américo Leal, afixassem o preço das embalagens onde
nós levamos as compras que nós fazemos quando adentramos nesses
estabelecimentos. Eu não sei qual é o preço, mas deve ter um preço muito
irrisório cada uma daquelas embalagens. Eu, de preferência, gostaria sempre que
as embalagens tivessem uma boa qualidade, para que elas não rasgassem e para
que pudéssemos transportar as nossas mercadorias com segurança.
Agora, o Projeto de Lei que quer alterar
essa Lei existente, diz que nós temos que aumentar a multa para os
estabelecimentos que, porventura, não afixarem o preço dessas embalagens. Mas
isso, ora, desculpem-me, mas é um absurdo, não vem atender ao interesse
público. Se alguém conseguir me provar que isso atende ao interesse público...
Mas não atende. Eu penso que foi mais uma daquelas baboseiras que foram feitas
por esta Casa, porque, de vez em quando, acontece isso, a aprovação de um
projeto desse naipe; e, de repente, nós queremos agora onerar o comerciante que
não colocar lá o preço dessa embalagem. Ora, eu penso que é difícil até fazer
um cálculo para saber qual é o preço da embalagem que o cidadão está levando.
Mas o Ver. João Carlos Nedel, sabiamente, apresenta um Substitutivo para acabar
com essa Lei. Esse era um comentário que eu queria fazer.
Um outro comentário, elogioso, é com
relação a um Projeto de Lei oferecendo um título de cidadania a uma pessoa que
eu já critiquei aqui desta tribuna, não por causa da sua vida profissional
pregressa, mas por causa da sua atuação como Secretário de Segurança Pública.
Eu acredito que o Projeto do Ver. Juarez Pinheiro, oferecendo um título ao
Desembargador Senador José Paulo Bisol é um Projeto que deve merecer desta Casa
total acolhida. O Bisol, como homem de cultura, como sábio, como jurista, foi e
continua sendo um homem exemplar, um gentleman
com seus amigos. Eu privo de uma relação boa com o Bisol. Acho que ele,
realmente, cometeu uma gafe quando aceitou o posto como Secretário da Segurança
Pública, mas ele merece o reconhecimento desta Cidade.
O
Sr. Cláudio Sebenelo: V.
Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu queria dizer que tenho uma
profunda admiração pelo Dr. José Paulo Bisol como ser humano e, principalmente,
como um homem que enfrentou um problema gravíssimo de segurança, sem ter
nenhuma estrutura. Este foi o problema maior: faltou estrutura partidária e
governamental. Essa foi a razão; não pelas condições pessoais, porque,
realmente, ele é uma pessoa invulgar e uma pessoa das nossas...
O
Sr. Pedro Américo Leal:
V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu quero dizer a V. Ex.ª que eu assinei o Título de Cidadão para
ele, um prêmio que vão dar a ele. Assinei, em primeiro lugar, porque eu fui
colega de Bisol - discordo dele. Agora, o grande erro - e o PT pagou por isso -
foi terem-no colocado na Secretaria de Segurança.
O
SR. LUIZ BRAZ: É
verdade.
O
SR. LUIZ BRAZ: Ver.
Pedro Américo Leal, a derrota do PT é porque a população aprendeu a conhecer o
PT, e aí não vota no PT.
O
Sr. Pedro Américo Leal: Foi
até bom para nós.
O
SR. LUIZ BRAZ: Exatamente.
Isso é a derrota do PT. Mas eu quero dizer que esse Projeto do Ver. Juarez
Pinheiro merece o total apoio da nossa Bancada, assim como já manifestou,
também, o Líder da minha Bancada, Ver. Cláudio Sebenelo, e o Ver. Pedro Américo
Leal, que também disse que já assinou o Projeto juntamente com o Ver. Juarez
Pinheiro.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O
Ver. Zé Valdir está com a palavra para discutir a Pauta.
O
SR. ZÉ VALDIR: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras, o Ver. Luiz Braz,
pegando carona na discussão do Projeto do Ver. Juarez Pinheiro, que propõe uma
homenagem a José Paulo Bisol, aproveitou para emitir alguns conceitos,
secundado e auxiliado pelo Ver. Pedro Américo Leal, analisando a derrota do PT.
A derrota do PT! Nós perdermos o Governo do Estado é derrota? Agora, a ARENA,
que hoje deu origem ao PFL, estava no governo e perdeu também; depois, veio o
Collares, perdeu; veio o Simon, perdeu, e aí, não é...
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Nobre
Vereador, não está discutindo a Pauta ainda. Vai chegar lá?
O
SR. ZÉ VALDIR: Sr.
Presidente, estou fazendo exatamente o mesmo que o Ver. Luiz Braz fez aqui em
cima do Projeto do Ver. Juarez Pinheiro. E aí, quando todos esses governos
passaram uma vez pelo Governo do Estado e perderam, não é derrota? Nós, no ano
passado, ganhamos o Governo Federal, e aí vêm com esse papo de derrota do PT! O
que é isso? Quando os outros perdem o governo, é normal; quando nós perdemos um
governo, não fazemos um sucessor, aí é a derrota do PT? A população que ouve
esse canal, a população não é burra, ela percebe essas coisas, esses argumentos
fabricados de última hora.
Mas eu fico grato que alguns Vereadores
venham aqui, agora, homenagear e dizer que o Bisol é um grande homem, um grande
intelectual, porque, quando estava na Secretaria, eu vi nesta Casa, inclusive,
Vereadores questionarem a competência dele como jurista - eu vi aqui -, e,
seguramente, os Anais desta Casa têm o registro.
Mas acredito que é importante que esses
Vereadores reconheçam. A história vai reconhecer. E, aliás, muita coisa que o
Bisol dizia, como, por exemplo, a unificação das polícias, que depois o próprio
Fernando Henrique assumiu, aí é tudo normal. Coisas que o Bisol defendia e
pareciam ser absurdas.
Quando o Bisol deu aquela declaração de
que um pai de família, no desespero, é capaz de roubar, fizeram um escarcéu
alguns setores da imprensa, quando isso está até no Código, Vereador, o estado
de necessidade. Até que é uma das exceções do Código, é exceção de ilicitude,
se eu não me engano, o estado de necessidade. O Bisol apenas disse uma coisa
que, inclusive, está na Lei, mas não, aliás, fabricou-se até pesquisa. Eu só
acho que, aliás, a própria história já está recontando a verdadeira história,
porque a história é implacável com aqueles que a interpretam de forma falsa e
mentirosa; a história é implacável. A história já está se encarregando de
contar a verdadeira história deste Estado.
Eu queria falar, no dia de hoje, do
Projeto importante da Ver.ª Margarete Moraes.
(Aparte anti-regimental do Ver. João
Bosco Vaz. )
Não, esse também está na Pauta, Vereador.
Se V. Ex.ª lesse a Pauta, veria que o Projeto em homenagem ao José Paulo Bisol
está na Pauta. Eu quero também falar do Projeto da Ver.ª Margarete Moraes, que
estabelece reserva nos estágios para os portadores de deficiência, e a
Vereadora faz esse Projeto que, é claro, é um Projeto que invade a competência
do Executivo, tem que ser dito isso, mas é melhor, quando um Parlamentar acha
um Projeto importante, deixar claro que está realmente invadindo a competência
do Executivo e fazer o debate, sem usar o subterfúgio do projeto aquele
autorizativo, que é um subterfúgio, que parece que não se tem a coragem de
enfrentar o debate. É realmente uma invasão de competência, mas é um tema
importante para esta Casa debater. Acredito que assim o projeto é mais
transparente. E esse Projeto está embasado, diferente de outros Projetos,
quando esta Casa, às vezes, legislou sobre matéria federal. Esse é um tema que
compete ao Município, porque é competência comum do Município junto com a
União, com os Estados, legislar sobre a matéria de assistência social aos
portadores de deficiência. Então, eu vou voltar a esse tema, porque esse
assunto dos portadores de deficiência, da assistência social, é um tema que
vivi muito de perto, quando estive na FESC, hoje FASC, onde nós instituímos a
política de assistência social no Município de Porto Alegre, de acordo com a
Lei Orgânica, a LOAS. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): A
Ver.ª Maristela Maffei está com a palavra para discutir a Pauta.
A
SRA. MARISTELA MAFFEI:
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o Projeto do Ver. Sebastião Melo vai-nos
trazer, novamente, à tona um debate interessantíssimo sobre a questão das
multas, com relação aos prazos, pois, hoje, segundo o Vereador, não existe um
prazo estabelecido, e o Vereador vem propor um prazo. Com certeza, nós vamos
ter tempo agora, e vai ser um bom debate, para inclusive, desmistificar falas
anteriores, pois, no meu conceito, tratava-se de uma desobediência civil. Nós
tivemos aqui um Vereador que trabalhou em cima disso durante todo o seu mandato
e por isso se elegeu Deputado Estadual, que foi o ex-Vereador Záchia, que, no
meu conceito, levava uma falsa informação, não ajudava a conscientizar e, ao
contrário, trabalhou com a desinformação para a comunidade de Porto Alegre e do
Estado do Rio Grande do Sul. Eu até gostaria de saber: por que é que o
ex-Vereador Záchia e hoje Deputado Estadual não está com a sua ofensividade em
nível de Estado? No primeiro dia, do último feriado, duplicou o número de
mortes nas nossas estradas, infelizmente, no Estado do Rio Grande do Sul. Nós
sabemos que, por maior que seja o investimento em conscientização, tem de
“arder no bolso para não arder na alma”, quando os nossos entes queridos perdem
suas vidas.
Em segundo lugar, eu queria ainda falar
sobre o Projeto - e aqui parabenizar o Ver. Renato Guimarães - que concede o
prêmio artístico a uma banda nossa aqui do Município, que é a banda “Produto
Nacional”. Quero dizer que foi uma excelente idéia e que nós temos de
prestigiar a prata da casa.
Temos
ainda o Projeto do Ver. Aldacir Oliboni, que proíbe a comercialização de
produtos acondicionados em garrafas de vidro ou assemelhados em qualquer local
a menos de 150m da orla do Guaíba, no Município de Porto Alegre.
Eu
acho que são Projetos importantes, simples, mas Projetos que a gente pode
colocar em prática e fazer valer com tranqüilidade, pois vão beneficiar a nossa
população.
Por último, Sr. Presidente, eu não
poderia deixar de falar, também, sobre o Projeto do Ver. Juarez Pinheiro, que
concede o Título Honorífico de Cidadão Emérito de Porto Alegre ao nosso poeta,
ex-Desembargador e ex-Senador José Paulo Bisol. Eu acho meritoso, é uma pessoa
de suma importância para a nossa sociedade. E gostaria de esclarecer, como
socióloga, a quem interessar, e nem precisaria ser, qualquer pessoa um pouco
mais esclarecida pode saber que derrota, no sentido de tese filosófica, derrota
de uma eleição, não é derrota de um projeto, seja qual for a sua ideologia. Nós
estamos, aqui em Porto Alegre há quinze anos, e a maioria da dita oposição, mas
que é o continuísmo dos quinhentos anos da derrocada da maioria da população
mundial, está também nesta Casa - a chamada oposição. Nós não fomos derrotados,
porque uma eleição é importante, sim, cabe a nós fazer uma avaliação, mas não é
a derrocada de um projeto político-ideológico e de cunho socialista como o
nosso.
O Ver. Luiz Braz, que está fazendo um
aparte anti-regimental, foi quem iniciou esta polêmica e agora vai ter de
ouvir, porque ele teceu, ele colocou uma opinião sobre o mérito e vai ter a
hombridade de me ouvir. Só para V. Ex.ª aprender, porque nós podemos aprender
um com o outro, mas, desta vez, eu tenho a certeza de que V. Ex.ª pode aprender
comigo: Vereador, perder uma eleição não é perder o projeto político no qual V.
Ex.ª ou eu acreditamos, é apenas uma eleição, e isso V. Ex.ªs vão
aprender agora com a eleição do nosso Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O
nosso operário e socialista hoje é Presidente da República, derrotou toda a
oligarquia de anos, de décadas, de séculos. Viva o Brasil e vamos continuar a
luta! Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O
Ver. João Carlos Nedel está com a palavra para discutir a Pauta.
O
SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, em 1.ª Sessão de Pauta, há um Substitutivo, de
minha autoria, revogando uma Lei inócua, em Porto Alegre, que nunca funcionou.
Não funcionou, porque realmente não deveria ter existido. O Ver. Darci Campani
quer aumentar as multas sobre uma exigência de se ter afixado no supermercado o
preço unitário da sacolinha plástica que o comprador recebe quando vai ao
supermercado. Ora, é uma Lei que não tem sentido, portanto, vamos acabar com
ela e pronto, estamos conversados.
Outro Projeto que está em Pauta e que
está sendo muito falado é o Projeto do Ver. Juarez, concedendo o Título de
Cidadão Emérito de Porto Alegre, porque ele nasceu em Porto Alegre, não à
pessoa do Sr. José Paulo Bisol, mas às funções do Sr. José Paulo Bisol. Não é
ao cidadão, é ao poeta, e somente para as funções de poeta. Eu sempre dizia
aqui que, quando o ilustre homem público José Paulo Bisol era Secretário da
Segurança, ele era um excelente poeta, nunca Secretário de Segurança. Então,
agora o estamos homenageando, por ele ser um excelente poeta, sem dúvida,
merece, um ex-Desembargador - claro que conhece as Ciências Jurídicas
profundamente, sem dúvida - e por ele ter sido Senador - também concordamos,
foi um Senador regimentalmente eleito -, então, vai receber o Título por essas
três condições: de poeta, Desembargador e Senador, é o que está escrito no
Projeto, não à pessoa dele integral, não; às funções, às três funções dele,
aqui está escrito.
O
Sr. Zé Valdir: V. Ex.ª
permite um aparte? (Assentimento do orador.) Será a primeira vez que esta Casa
não homenageia integralmente alguém, é isso que V. Ex.ª está dizendo, porque em
todas as vezes que nós homenageamos alguém aqui, nós não fizemos distinção
entre o homem e as funções públicas. Eu creio que isso é um equívoco. É a
primeira vez que nós vamos homenagear alguém pela metade.
O
SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Eu
também acho, é por isso que estou lendo aqui: (Lê.) “Fica concedido o Título
Honorífico de Cidadão Emérito de Porto Alegre ao poeta, ex-Desembargador e
ex-Senador José Paulo Bisol.” Então, às funções dele, é só por essas três. Ele
foi chefe de família, ele foi Secretário, ele foi Deputado, ele foi Promotor,
ele foi sei lá. Mas por isso, não. Só por ter sido poeta - e eu cumprimento o
Ver. Zé Valdir por ser também um excelente poeta -, Desembargador e Senador.
Um outro Projeto é do Ver. Sebastião
Melo, que dispõe sobre indenização às vítimas de acidentes decorrentes da
má-conservação das vias públicas. E o jornal Zero Hora, de ontem, diz muito claramente: “Tragado pela cratera.”
Um cidadão, estava chovendo, não viu o buraco, não viu a cratera, e teve o seu
automóvel engolido por ela. Merece, sim, indenização. Portanto, Ver. Sebastião
Melo, o seu Projeto tem toda a razão, está aqui no jornal, na prática, a
primeira indenização necessária, embora o seu Projeto ainda não tendo sido
aprovado. Obrigado, Sr. Presidente.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Solicito
ao Ver. Luiz Braz que assuma a presidência para que este Vereador possa ocupar
o Tempo de Presidente.
O
SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): O
Ver. João Antonio Dib está com a palavra em Tempo de Presidente.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu sou
do tempo em que, para um homem, a palavra “verdade” tinha um valor
extraordinário. Por isso, eu raramente uso a palavra “mentira”, só quando é
indispensável, só quando ela não pode ser substituída. Eu sou do tempo em que o
homem valia mais do que a máquina, porque a máquina é acionada pelo homem. Mas,
hoje, estão tentando desvalorizar o homem também. A Lei Orgânica no seu art.
2.º diz que o Município compõe-se de dois Poderes independentes e harmônicos.
Ora, se são dois os Poderes harmônicos do Município há responsabilidade sobre
os recursos do Município no Legislativo e no Executivo. Como eu disse: sou do
tempo em que o homem valia mais do que a máquina. Então, de repente não tem uma
assinatura aqui, mas é um texto conhecido, que se atribui ao Secretário da
Fazenda, dizendo que o repasse no Fundo de Participação dos Municípios caiu em
23%. Mentira! E mentira deslavada ! Não se pode fazer isso com homens que estão
um pouco acima da máquina. No ano que passou o Fundo de Participação do
Município excedeu a previsão da Prefeitura de Porto Alegre em 72,3%. Neste ano
vai muito bem, obrigado, e outra vez irá exceder as previsões orçamentárias da
Prefeitura.
O senhor dono desta verdade - que é uma
mentira absoluta - diz que o repasse do SUS caiu em 40,6. Mentira deslavada! No
ano passado as previsões orçamentárias ficaram 7,6 a menos. Mas eu também não
entendo a organização prefeitoral, mas, como eu disse, o homem ainda supera a
máquina, principalmente o homem mais paciente.
Eu tenho em mãos aqui uma série de
documentos lidos aqui, neste Plenário, aos quais eu chamei a atenção sobre
eles, em que o Ministério da Saúde repassa dinheiro à Prefeitura de Porto
Alegre. Então, eu tenho aqui a data da ordem bancária: dia 6 de fevereiro de
2003. O Ministério da Saúde repassou para a Prefeitura de Porto Alegre, em
números redondos, 28 milhões de reais. E todos esses outros documentos são
repasses do mês de fevereiro para a Saúde em Porto Alegre. Agora, eu sou
paciente e olho o que a máquina colocou porque o homem mandou. Portanto, o
homem mentiu e a máquina falou a verdade. O homem colocou 21 milhões de reais
como arrecadação da Prefeitura. Mentiu a Prefeitura, mentiu o Prefeito e mentiu
o Secretário da Fazenda! Ou pensam que todos os Vereadores que aqui estão são
tolos, que não sabemos ler esses ofícios do Ministério da Saúde?!
Diz que o repasse do IPVA caiu em 21,6.
Mentira deslavada! A Prefeitura arrecadou, no ano passado, 4% a mais do que
tinha na sua previsão orçamentária, e este ano a arrecadação vai bem.
Diz o documento, da máquina - porque o
homem está aqui na tribuna - que o IPTU não foi enviado para a Câmara e não foi
reajustado. Mentira deslavada! Mentira deslavada: foi reajustado, no mínimo, em
25,31, e eu constatei aumento de 267%. Mentira, mentira, mentira! Para mim, a
palavra mais grave para um homem público, para um político, é ser chamado de
mentiroso, e eu estou fazendo isso agora, porque os números não mentem, é só
comparar, é só ter paciência, que, talvez, a máquina não tenha porque não sabe
o que o homem quer.
Mas, quando o homem quer, ele olha aqui e
está tudo aí!
A Lei de Responsabilidade Fiscal limita a
despesa com pessoal em 54%. É verdade, pelo menos uma verdade está aqui.
Concessão de 2,46 ultrapassaria esse limite. Mentira deslavada, porque não se
passa de 46 para 54 impunemente! Tem que haver números para comprovar. Há
homens ainda que não precisam das máquinas. Só lêem os números que as máquinas
colocam a nossa disposição. Mentira deslavada!
E aí vêm medidas de até devolver a
bimestralidade recolhida agora, que acho que é mais uma mentira, também.
Desta forma, Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, a verdade é uma coisa tão bonita; na minha lição de catecismo,
quando era criança, lá no Ginásio do Carmo, em Caxias, eles diziam: “Mentir é
falar contra o que se pensa para enganar.”
Ora, se ele recebeu de uma só vez, 28
milhões, como é que o balancete acusa para o mês todo - tenho muito mais
dinheiro aqui -, para o mês todo ele apenas acusa 21 milhões de reais? Onde
estão os outros 7 milhões de reais? Esses são aqueles escondidos para enganar,
esses são a mentira deslavada da administração prefeitoral. Saúde e paz!
(Não revisto pelo orador.)
(O Ver. João Antonio Dib assume a
presidência dos trabalhos.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Marcelo Danéris está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O SR. MARCELO DANÉRIS: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr.ªs
Vereadoras e público que nos acompanha pela TV Câmara, primeiro é importante
refutar, de forma muito dura, Sr. Presidente, as suas declarações da tribuna.
Aqui foi rompido algo mais do que relações de números. Independente de qualquer
posição política que possamos ter, de crítica que possamos ter, nunca usamos,
nem nunca usaremos a palavra mentiroso. Na verdade, mais do que isso, não
esperamos que o Presidente da Câmara de Vereadores de Porto Alegre tome a
tribuna para defender um ponto de vista seu, porque parte da oposição na Câmara
diz que maquiamos o Orçamento e que, portanto, nunca tivemos dinheiro. V. Ex.ª
diz que temos dinheiro sobrando, alguém deve estar errado nessa história.
Agora, independente disso, independente dos pontos de vista, eu não vou chamar
de mentiroso nenhum dos dois lados, porque, como Líder de Governo, como Líder
de partido, no mínimo, devo respeitar a posição dos Srs. Vereadores por mais
divergências que eu possa ter com eles e nunca acusá-los de mentirosos, mas já
vi Vereador subir aqui nesta tribuna para dizer que sempre tivemos com a
Prefeitura quebrada, que maquiamos números, que a Prefeitura não tem dinheiro,
e outros Vereadores que sobem à tribuna para dizer que a Prefeitura tem
dinheiro sobrando.
Ora,
Ver. João Antonio Dib, Presidente da Câmara, a Câmara de Vereadores aplica em
CDB o dinheiro que tem aqui. Vou dizer que a Câmara de Vereadores está fazendo
caixa com o salário dos servidores municipais da Câmara, porque pega o dinheiro
da folha de pagamento dos servidores da Câmara e aplica em CDB numa conta
corrente do Banrisul? Não. Mas também não sei, Sr. Presidente, o que é feito
com os rendimentos dessa conta de CDB, em torno de 01 milhão e 500 mil reais,
mas nem por isso coloco em dúvida, nunca vou colocar e não tenho dúvida nenhuma
da lisura do processo desta Câmara, não só sob a sua presidência como na presidência
de tantos outros Vereadores que estiveram aqui: o Ver. Luiz Braz que está
sentado à Mesa já foi Presidente; o Ver. Isaac Ainhorn também e o Ver. João
Motta, por exemplo, foi Presidente, e sempre se aplicou em CDB. E onde estão os
rendimentos?
Quer
dizer que uma parte da oposição diz que está faltando dinheiro, que sempre
faltou e que nós é que maquiávamos; a outra diz que está sobrando dinheiro, e
isso vai me dar o direito de chamar todo mundo de mentiroso? Não. Não posso
crer nisso.
Acho
que a estatura de um Presidente da Câmara de Vereadores tem que estar acima
desse debate político, tem que estar acima de uma postura de chamar Prefeito,
Secretário, de mentiroso, de mentira deslavada; não condiz nem com a história
do Vereador. Não é aceitável que o debate seja a partir desse nível, de quem é
mais mentiroso. Não é isso. Não pode ser esse o exemplo de política que nós
esperamos, não é isso que a população de Porto Alegre espera de nós, muito
menos do Presidente da Câmara.
Ora,
se desde o primeiro momento que o Prefeito colocou este debate para a Cidade de
forma transparente, clara e democrática, a pergunta que fica é: qual é a
vantagem, Ver. Pedro Américo Leal, que teria o Prefeito João Verle em anunciar
isso senão pelo seu compromisso de homem sério honrado - que tem uma história,
que nunca mentiu para o povo deste Estado quando Presidente do Banrisul e não
mentirá nem como Vice-Prefeito, muito menos como Prefeito - de ter colocado às
claras desde o primeiro momento? E mais do que isso: em respeito ao
Legislativo, vem aqui amanhã conversar não só com o seu Presidente, não só para
entregar a LDO, mas para ouvir os Líderes dos partidos para poder esclarecer
toda e qualquer dúvida das medidas. É pena, Sr. Presidente, que isso aconteça
um dia antes de o Prefeito estar aqui. Ele, que se colocou à disposição desde o
primeiro momento, que disponibilizou todos os secretários para virem, apesar da
oposição não ter chamado os secretários para prestar esclarecimento, nós
chamamos os secretários na CEFOR, através do Presidente, Ver. Aldacir Oliboni,
para prestar os esclarecimentos, porque não temos nada a esconder, nada a
mentir e nada a acusar os outros de mentirosos.
É
um outro patamar de política que a população espera de nós, é uma outra relação
institucional de trabalho conjunto, é este momento que o País vive: da
capacidade de construção coletiva, de parcerias. É isso que está chamando o
Estado também. E aqui na Câmara parece que nós vivemos na base de quem é contra
e quem é a favor, de quem é oposição e quem é situação, de quem mente e quem
não mente, de quem fala a verdade e quem não fala a verdade - eu acho que não é
isso! Eu acho que a Câmara de Vereadores de Porto Alegre tem de ter um
compromisso com a cidadania, com a cidade de Porto Alegre. E antes de começar
uma disputa político-eleitoral, com acusações, com ataques, tudo por conta das
eleições do ano que vem, nós temos de nos debruçar sobre os interesses da nossa
população. E os interesses da nossa população esperam de nós um comportamento
no mínimo sério, no mínimo cauteloso e no mínimo respeitoso entre os Poderes.
Se o Executivo respeita o Legislativo, vem aqui e entrega tudo, vem para
prestar os esclarecimentos, por que é que o Legislativo não pode ter a mesma
postura em relação ao Executivo e tem de passar para a acusação direta e o
ataque? E chamar esse ou aquele de mentiroso ou de mentira deslavada? Não
teremos esse comportamento com ninguém nesta Câmara! Mas esperamos ter a mesma
relação também.
É
assim que se faz política neste novo momento político em que o Brasil vive. Nós
esperamos que a Câmara de Vereadores também consiga cumprir esse papel, mas
principalmente ele tem de vir do Presidente da Câmara, que também já foi
Prefeito, já enfrentou dificuldades, tem a capacidade de elaborar, fazer as suas
críticas, sugestões e trabalhar em conjunto para melhorar a situação do
Município e não ir para o discurso fácil de quem está com vistas às eleições do
ano que vem. Nós esperamos fazer um outro debate, um debate com um nível
melhor, com dados, com críticas, com contribuições, mas, principalmente, um
trabalho coletivo, independente - e é este o apelo que eu faço, Sr. Presidente,
que todas as Lideranças que virão agora colocarão em pauta principalmente as
eleições: vamos esquecer as eleições por um momento! Vamos esquecer a
politicagem por um momento, vamos esquecer as disputas partidárias por um
momento, vamos nos concentrar em Porto Alegre e no que são os melhores
interesses para a nossa Cidade e não nos interesses dos nossos partidos.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. SEBASTIÃO MELO (Questão de Ordem): Chamei a atenção de V. Ex.ª que quando o
Líder do Governo subiu à tribuna, havia três minutos ainda do tempo de V. Ex.ª
e V. Ex.ª não conseguiu corrigir o relógio. Então, por uma questão de eqüidade,
sendo que ele foi a primeira Liderança a se manifestar, que seja concedido a
todos os demais Líderes o mesmo prazo. Correto? Porque V. Ex.ª sabe, quando lhe
chamei atenção, no relógio restavam três minutos.
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Não, nobre Vereador, este Presidente é
muito atento, faltava pouco mais de um minuto, eis que o Presidente tinha dez
minutos e falou oito, mas, de qualquer forma, sou sempre tolerante para que os
pensamentos sejam concluídos, mas não para que novos assuntos sejam encaminhados.
V. Ex.ª tem razão, eu não consegui acertar o relógio e, portanto, ele falou
mais do que o tempo permitido.
O
Ver. Luiz Braz está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. LUIZ BRAZ: Ver. João Dib, Presidente desta Casa,
Ver.ª Maria Celeste, Secretária, Sr.ªs Vereadoras, Srs. Vereadores,
senhoras e senhores, vejam bem, o Ver. João Dib veio a esta tribuna com a
responsabilidade de presidir esta Casa e apresentou, para este Plenário e para
nossa sociedade, os dados referentes à execução orçamentária. O Orçamento é
feito, mas a realidade, na execução orçamentária, normalmente é outra. E o Ver.
João Dib falou sobre os superávits do Orçamento com relação ao ano passado.
O
Ver. João Dib veio a esta tribuna na responsabilidade de Presidente deste
Legislativo, de uma das principais Capitais brasileiras, e trouxe aqui um dado
que deveria fazer corar o Líder da Bancada situacionista. Ele mostrou aqui que
enquanto a Prefeitura Municipal registra a entrada de apenas 21 milhões de
reais transferidos do Governo Federal para o SUS, na verdade os números que são
apresentados num só documento nos dão a certeza de que houve a transmissão de
28 milhões de reais, significando que só nesse documento apresentado aqui na
tribuna pelo Ver. João Dib, nós já teríamos uma diferença de 7 milhões de
reais. E quando eu percebi que o Líder do Governo vinha a esta tribuna, eu
pensei, Ver. Wilton Araújo: com certeza absoluta, o Líder do Governo vai
mostrar, agora, que essa diferença não é real, que essa diferença significou um
erro no documento, ou no documento apresentado pela Prefeitura ou no documento
enviado pelo Governo Federal, pelo Ministério da Saúde. Mas, não! O Líder do
Governo veio aqui a esta tribuna e, em vez disso, atacou o Presidente desta
Casa, querendo que o Presidente tivesse apenas uma atitude subserviente com
relação ao Executivo. Ele quer que o Presidente desta Casa apenas diga amém
para o Executivo e não nos guie, como Presidente desta Casa, para que nós
sejamos uma instituição fiscalizadora. A obrigação desta Casa é fiscalizar; e
nós fiscalizamos usando os números.
O
Ver. João Dib, eu até acredito - por conhecê-lo há bastante tempo - que ele
seja até melhor técnico do que político, muito embora ele seja realmente um
expoente dentro da política, mas ele também é um bom técnico, tanto é que já
foi escolhido várias vezes para estar à frente de várias Secretarias, ao longo
da história desta Cidade. E o Ver. João Dib, por isso mesmo, trabalha muito bem
com os números. E o que ele trouxe aqui, Ver. Wilton Araújo, não foi o que
ouviu dizer. Ele trouxe aqui as execuções orçamentárias, os números com os
quais os técnicos do Governo deveriam estar trabalhando, ou, se não estão
trabalhando com esses números, alguma coisa deve estar equivocada.
Eu
ouvi por parte do Líder do Governo e por parte do Prefeito Municipal, numa
determinada ocasião, uma afirmação de que havia um rombo no Orçamento, Ver.
Sebastião Melo, de 75 milhões de reais, no mínimo.
Quero
saudar aqui o meu amigo, Ver. Juvenal Ferreira, que, orgulhosamente para todos
nós, hoje está ocupando uma cadeira nesta Câmara Municipal.
Mas,
tão logo desabasse uma tempestade sobre o PT , devido a esse rombo de 75
milhões - que não tinha explicação -, vieram aqui as Lideranças petistas e
imediatamente disseram: “Não, não é bem um rombo! Não é assim. É uma previsão
de um rombo que pode ocorrer lá na frente!” Ora, então, agora, viraram
astrólogos. Eles são futurólogos, porque o que eles estão fazendo é um
exercício, Ver. Pedro Américo Leal, de prever o que vai acontecer em novembro,
dezembro. Se nós temos um Orçamento e se esse Orçamento é constituído sobre uma
base real - e eu acredito que ele foi constituído sobre uma base real -, nós
não temos por que, agora, no mês de maio, já estarmos fazendo uma previsão de
um rombo de 75 milhões de reais, que é, praticamente, a metade do investimento
em obras que este Município faz. Eu estou esperando, Vereador-Presidente, que,
a essa altura dos acontecimentos, alguém do Governo venha aqui e possa,
realmente, desmentir os números apresentados pelo Vereador-Presidente desta
Casa. Para onde foram os 7 milhões que estavam no recebimento por parte da
Prefeitura - mas, com os dados enviados pelo Ministério da Saúde, o número,
realmente, é maior? Onde estão esses 7 milhões? E os outros milhões que
chegaram aqui? Ora, isso tem de ser explicado, isso é dinheiro público. Será
vergonhoso, se não houver essa explicação. Eu, como Vereador desta Casa, exijo
essa explicação, porque, senão, nós temos de, realmente, trabalhar com medidas
mais duras e mais severas com relação ao Prefeito. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.ªs
Vereadoras, a história vai se encontrando com o seu tempo. Eu cheguei a esta
Casa no início de 2001, e um dos eixos do nosso mandato tem sido procurar fazer
com que o Orçamento e a execução orçamentária fossem mais transparentes. O que
está acontecendo em Porto Alegre, para nós, não é nenhuma novidade, Ver.
Juvenal Ferreira. Os Orçamentos da Prefeitura foram, historicamente, maquiados.
Esta Casa sabe disso e fez vistas grossas. Eu apresentei aqui várias emendas
para fazer com que esta Casa pudesse acessar, com mais eficiência, o Orçamento.
Infelizmente, não tive a sensibilidade dos meus pares para fazer aprovar essas
Emendas. Quem sabe este ano, não sei, talvez em função dessa “cortina de
fumaça” nós possamos ter um direcionamento diferente.
O
Orçamento de 2003, apresentado em 2002, não apresentou nenhuma possibilidade de
déficit. Passaram-se quatro meses e o Prefeito disse que há um possível
déficit. Eu vou lá na arrecadação do ano passado e ela é maior do que aquilo
que foi a previsão orçamentária, como tem sido em 2001, 2000, 1999, 1998 e em
1997, todas as vezes. Eu vou lá na execução orçamentária e vejo que em janeiro,
fevereiro, março, em todos esses meses a Prefeitura arrecadou mais do que
pagou. Eu vou lá no Fundo do Município, é a mesma coisa. Eu vou no dinheiro do
SUS, que está no site do Ministério
da Saúde, a mesma coisa!
Então,
qual é a conclusão que eu já externei e volto a ratificar, Ver. Pedro Américo
Leal? Essa “cortina de fumaça” tem três objetivos básicos: o primeiro, é fazer
aquilo que já fizeram e que eu anunciei há trinta dias: cortaram o IGP-M dos
servidores, conquista histórica que veio do Governo Collares; o segundo, é
chantagear esta Casa dizendo: os
senhores têm de criar novas taxas e os senhores têm de aumentar impostos - é
uma outra finalidade que o Prefeito tentou criar. Mas há uma outra, a terceira,
que é flagrante. O Prefeito que tem todo o direito de ser candidato à
reeleição, com a sua legitimidade, está preocupado em fazer caixa para a
eleição, dizendo: este ano eu faço menos e no ano da eleição eu vou fazer
algumas obras a mais para estar na “peleia” eleitoral.
Sr.
Presidente, então vem aqui o Líder do Governo dizer que avançaram, trazendo o
Secretário. Primeiro, ninguém fez favor para ninguém. Esta Casa não depende de
favor e não pode viver de favor; é dever do Secretário prestar esclarecimento.
Eu quero dizer que a Comissão de Economia e Finanças está sonegando esse
debate, porque ontem propôs, apenas por uma hora, debater o tema dessa
envergadura, em horário não-regimental, dizendo que estão fazendo, aqui, uma
reunião excepcional. Não, não quer o debate!
Quero
colocar, em alto e bom som, Ver. Luiz Braz, que o Sr. Secretario da Fazenda
pediu quarenta e oito horas para responder as doze perguntas deste Vereador.
Passou-se uma semana e as respostas não vieram. Muitas perguntas foram feitas,
ontem, ao Secretário da Administração e elas foram e não voltaram. E não vão
voltar! Como muitas foram feitas ao Procurador do Município: elas foram e não
vão voltar!
Eu
vou dizer o que é que nós, Ver. Isaac Ainhorn, estamos terminando de fazer.
Tudo isso aqui discutido está sendo planificado e nós, possivelmente,
sexta-feira, pela manhã, estaremos levando ao Presidente do Tribunal de Contas
do Estado, pedindo uma auditoria especial, porque o Tribunal aponta que o gasto
com pessoal, em 2001, foi de 41,18% e disse que, em 2002, foi de 47% e pouco. E
de uma hora para outra, dizem que chegou a 54%, no que eu não acredito e reputo
que é uma manipulação! E não sou eu, que sou da oposição, e muito menos do
Governo, porque o que eu digo vão dizer que é suspeito, mas eu tenho uma razão
maior, porque eu suspeito sempre do oficialismo. E, portanto, não é o
oficialismo que vai me dizer se atingiu os 54%. Não, não atingiu, e eles não
tiveram coragem de dizer que não iam dar mais o IGP-M! Essa é a questão de
fundo, Vereador!
Então,
não me causa surpresa o que está acontecendo aqui, agora. Mas também eu acho,
com toda a sinceridade, que esta Casa também nunca quis fiscalizar bem as
contas do Executivo. Falo isso, porque já falei várias vezes, não vou deixar!
Eu não sou quero-quero; eu tenho procurado fiscalizar, dentro dos meus limites,
mas esta Casa não colocou freios. Quando nós temos uma Lei, que há um ano e
meio vem sendo descumprida, que eu não posso ter uma senha para acessar quanto
é que eu arrecadei, quanto é que eu gastei, que a Prefeitura gastou, e a
evolução com o pessoal, eu diria: fica difícil fazer uma fiscalização com
eficiência.
Portanto,
nós queremos dizer, ao encerrar esta participação, Ver. Luiz Braz, que não nos
causa surpresa, essa “cortina de fumaça” tem três objetivos: cortar o IGP-M,
aumentar impostos, criar novas taxas e, sobretudo, fazer o caixa para a
eleição!
Encerro,
Sr. Presidente, dizendo o seguinte: o Líder do Governo, que eu respeito muito,
com quem temos muitas divergências, mas com quem temos uma convivência fraterna
- como mandam os Parlamentos -, alardeou nesta Casa que o Prefeito queria
debater com esta Casa! E, agora, o Prefeito vem na sala da Presidência entregar
a LDO. Portanto, ele está fugindo do debate como o diabo da cruz, porque se
quisesse o debate, marcava hora nesta tribuna, neste Plenário para vir debater
frente a frente para confrontarmos esses dados. Portanto, o PMDB não vai
participar desse debate, não vai à Sala da Presidência, porque não vou
legitimar esse ato de quem quer sonegar o debate. Obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Wilton Araújo está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O SR. WILTON ARAÚJO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o PPS
vem à tribuna e segue com preocupação em relação a uma grande indagação que
certamente espalha-se pela Cidade: o que é, como deve ser feito e de que forma
deve ser fiscalizado o Orçamento de uma cidade como Porto Alegre. Orçamento é
uma peça fundamental para que todos tenhamos, não só o planejamento do
Município, mas também, é claro, as condições plenas de fiscalização da sua
execução, da execução das suas obras, dos seus programas, da execução daquilo
que o Executivo Municipal deveria estar fazendo na Cidade. Há muito se diz que
o Orçamento pode ser uma peça de ficção, que o Orçamento nada mais é do que uma
previsão, tanto é verdade que nos últimos anos sempre se suplementa em
percentuais extremamente altos, fazendo com que as rubricas discutidas e
aprovadas por esta Casa, nada mais sejam do que um indicativo de que ali vai
haver dinheiro; não se sabe quanto dinheiro, não se sabe para onde e de que
tamanho pode ser a aplicação daquela rubrica, na medida em que muitas vezes as
suplementações são muito maiores do que a rubrica original. Temos casos em que
a rubrica original é de mil reais, e em que as suplementações chegam aos
milhões. Peça de ficção ou peça para enganar a Casa do Povo de Porto Alegre? Na
medida em que o que é discutido e aprovado certamente não será aplicado e
desenvolvido na Cidade.
Nesse
sentido, Sr. Presidente, a Bancada do PPS vem-se solidarizar com V. Ex.ª,
porque traz à tribuna dados irrefutáveis, documentos irrefutáveis, sobre a
manipulação das informações trazidas à população de Porto Alegre. O documento
que V. Ex.ª mostrou da tribuna e me mostrou em particular prova que o Executivo
Municipal está maquiando, manipulando o Orçamento desta Cidade. E o que é mais
grave: está manipulando a receita, e quem manipula a receita e não diz onde
aplica, não há como ser fiscalizado. Aonde está indo o dinheiro que veio do
Ministério da Saúde, por exemplo? E ufana-se a Liderança, e o Prefeito
Municipal chegou a ocupar esta tribuna para dizer que estão iniciando obras de
drenagem na Cidade. Eu ouço nos canais de televisão o ex-Vereador, querido
amigo, Airto Ferronato, vangloriando-se de que o dinheiro aplicado somou juros
e que esses juros estão sendo aplicados agora nas obras de drenagem do Parcão,
na Av. Goethe. Ora, onde está a decência, a verdade que o Líder do Governo vem
na tribuna buscar, a cobrar do Presidente da Casa, se nem lá entre os seus
pares, entre os administradores que são do seu partido há identidade nas
informações? Sinto que o Líder Ver. Marcelo Danéris, nesta Casa, está sofrendo
de falta de informação. Temo que sua Liderança esteja sendo abalada por
informações equivocadas, não sei se intencionalmente. Ouço o Ver. Marcelo
Danéris, conhecedor desses dados e desses fatos, vir só aqui para levar e fazer
uma “cortina de fumaça” aos olhos da população e aos seus representantes. Não
há como entender, e o PPS se soma certamente à oposição, para discutir da
conveniência da participação dos seus vinte e um Vereadores e mais essa
pantomima que será armada para iludir, mais uma vez, a cidade de Porto Alegre.
O
Prefeito deveria estar aqui, em Sessão Plenária, para que todos pudessem dar a
sua opinião e questionar o Prefeito e os seus Secretários. Ele não vem. Ele se
coloca sempre à disposição em ambientes não adequados, sem regras e sem tempo
para que os Vereadores o questionem. O PPS discorda, frontalmente, da vinda do
Sr. Prefeito para esse intento e requer, solicita, sugere e encaminha a esta
Casa que, se o Prefeito quiser vir aqui, ele deverá ser submetido a uma
sabatina por todos os Srs. Vereadores. Existem muitas coisas no ar,
inexplicadas, e muitas delas sem fundamento lógico e real. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Sr.ªs
Vereadoras e Srs. Vereadores, nós estamos aqui realmente preocupados, na medida
em que algo muito sério está ocorrendo no que respeita, meu caro Líder do PT,
Ver. Marcelo Danéris, às finanças do Município. Algo muito sério, seriíssimo!
Cheguei
ao ponto de dizer à Mesa que me passava pela cabeça uma Comissão Parlamentar de
Inquérito nesta Casa, tal a seriedade do que tive a oportunidade de ouvir, da
tribuna, dito pelo Sr. Presidente da Casa, para tentar ver se não havia, ou se
há alguma coisa errada, por assim dizer, Ver. Reginaldo Pujol. Veja V. Ex.ª, o
Ministério da Saúde, o SUS transfere ao Município 34 milhões de reais, e o
Município lança 21 milhões de reais! Olhem só, o Município lança 21 milhões de
reais, como se o SUS, o Ministério repassasse 21 milhões de reais e, na
realidade, somando registro por registro, dá 34 milhões de reais, Sr.
Presidente, Srs. Vereadores. Eu acho que é algo extremamente sério,
extremamente sério, seriíssimo, que uma solução, um esclarecimento, Ver.
Marcelo Danéris, tem que ser dado urgentemente. Ver.ª Maria Celeste, V. Ex.ª
que está em Plenário, tem que ser dado. Eu até gostaria que isso fosse um
equívoco, um erro de parte do Presidente da Casa, quando veio à tribuna e fez a
sua manifestação. Mas estão ali os dados, onde se lê: 21 milhões de reais
lançados pelo Município e 34 milhões de reais repassados pelo Ministério da
Saúde, pelo SUS. Mas o que está havendo? O que está havendo, Sr. Presidente e
Srs. Vereadores? Nós precisamos, urgentemente, esclarecer, mormente quando se
nega ao funcionalismo, Ver. Juvenal Ferreira, o cumprimento da reposição
integral da bimestralidade. Estar-se-ia escondendo a diferença de 13 milhões de
reais? Onde é que está essa diferença de 13 milhões de reais? Ver. Presidente,
onde é que está a diferença? Eu acho que o Prefeito vai ter de vir à Casa agora
e já - não deixar para amanhã - para esclarecer isso aqui. O Prefeito vai ter
de esclarecer por que se lançam 21 milhões de reais quando se recebem 34
milhões de reais. É a pergunta que fica, Ver. Marcelo Danéris. Não gostaríamos
que isso estivesse acontecendo, mas algo está absolutamente inexplicável sob
qualquer aspecto.
Fica,
portanto, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a nossa profunda preocupação.
Cheguei a falar à Mesa, Ver. Marcelo Danéris, em formar uma Comissão
Parlamentar de Inquérito. O Tribunal de Contas tem que ser chamado
imediatamente, entrar na Prefeitura e tomar as contas do Município e dizer à
população: olha, o Presidente da Casa está desinformado, ou, foi manipulada a
diferença de 13 milhões. Isso tem que ser esclarecido, sob pena de estarmos num
ambiente de absoluta suspeição e dúvida. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): A Presidência reitera que amanhã, pela
manhã, o Sr. Prefeito Municipal estará no gabinete para responder perguntas. A
Presidência entende, com toda a tranqüilidade, que as perguntas respondidas,
neste Plenário ou no gabinete da Presidência, terão o mesmo resultado, terão o
mesmo valor. O local não altera o resultado.
O
Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. REGINALDO PUJOL: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, nós pretendíamos vir à tribuna para falar de um
assunto específico: nós queríamos fazer a repercussão de alguns reclamos dos
aposentados desta Casa. Nós o faremos oportunamente e justificamos a mudança
das nossas intenções com os fatos que estão ocorrendo nesta tarde.
Eu
me fixo especialmente no pronunciamento da Liderança da maioria, da Liderança
do Governo, que reclamava de S. Ex.ª o Presidente da Câmara algumas
adjetivações que teriam ocorrido durante o seu pronunciamento a respeito da
crise de desinformação que assola a Cidade, com números sendo esgrimidos de
todos os lados, buscando sustentar posições insustentáveis.
Antes de vir à tribuna, busquei alguns
documentos, Ver. Pedro Américo Leal, porque, neste momento, não há como se
falar a não ser em cima de documentos.
Ontem eu recebia uma mensagem eletrônica do
Secretário da Fazenda, que todos os Vereadores devem ter recebido, em que ele
procurava, antecipadamente, justificar algumas posições, sustentando, por
exemplo, que o repasse do Fundo de Participação dos Municípios caiu em 23%, o
que seria absolutamente deplorável para o Governo dos Trabalhadores, que se
estabeleceu a partir de 1.º de janeiro e que surgiu com o objetivo declarado de
prestigiar e alimentar as finanças municipais. Com essa informação, eu fui
buscar o Relatório de Gestão Fiscal do Executivo Municipal, publicado, Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, no Diário Oficial do Município de Porto Alegre,
na terça-feira, 06 de maio de 2003. Nesse documento oficial se constata, entre
algumas contradições, a principal de todas. Nele se diz, a folhas tantas, que o
grau de comprometimento das finanças da receita líquida do Município com o
pagamento dos servidores municipais é de 45,94%, isso dizia no dia 06 de maio
num documento oficial do Município, Ver. Pedro Américo Leal. No dia 27 de maio,
vinte dias, portanto, depois, vem o Secretário da Fazenda e nos passa a
informação segundo a qual o comprometimento da receita líquida do Município com
o custo do pessoal estava beirando os 54%, numa diferença astronômica de quase
10% da publicação oficial feita no Município. E aí, Ver. Pedro Américo Leal, eu
chego até a compreender alguns escorregões verbais que esta tribuna possa ter
incorporado no dia de hoje, porque é tão grande a contradição, é tão funda a
contradição, que ela beira a inverdade. Ela beira a inverdade, porque entre
45,94% e 54% há um universo! Dez pontos percentuais, num orçamento de um milhão
e meio, são 150 milhões de reais. É a diferença entre a informação oficial,
publicada pelo Executivo Municipal de Porto Alegre no seu órgão oficial, o
Diário Oficial do dia 6 de maio, e o que disse no dia 21 o titular da Pasta da
Fazenda. Disse mais o Titular da Pasta da Fazenda: disse que os repasses do
IPVA haviam caído 21,6%. Na publicação oficial do Município, Ver. Pedro Américo
Leal, se constata que foi previsto, para o primeiro trimestre do ano, um
repasse de 18 milhões de reais e que ocorreram 20 milhões de reais de repasse.
Por conseguinte, em vez da redução de 21,6%, a que se refere na sua informação,
o Diário Oficial disse que teve um acréscimo na ordem de 11% em vez de 21%,
sendo de redução em acréscimo de 11%; e por aí se vão as contradições.
Se não bastasse tudo isso, Ver. Elói
Guimarães, que assoma agora à tribuna, um dado mais relevante, Ver. Sebastião
Melo. Nós dizíamos, em dezembro do ano passado, que estava subestimada a
receita do Município e que nós iríamos ter excesso de arrecadação. Hoje,
passados apenas quatro meses, num relatório que reflete apenas três meses de
arrecadação, está claro que já houve suplementação de recursos neste ano na ordem
de 38 milhões de reais. É verdade que 23 milhões foram retirados da verba de
contingências, mas 15 milhões são em excesso de arrecadação, e isso está
documentado para ser devidamente constatado para quem quiser pôr em dúvida a
minha palavra, pois eu também poderia estar a mentir aqui na tribuna, e não
estou. Estou falando com dados oficiais do Município.
Por isso, Sr. Presidente, é que nós
estamos vivendo essa polêmica tão ardorosa, porque o choque de informações leva
as pessoas a tamanho desencanto, que podem, como aqui de fato ocorreu, ser mais
duras, mais rudes nas suas colocações, e os adjetivos que se possa dar a essas
contradições, as quais estou procurando ser ameno, Ver. Pedro Américo Leal, são
acessórios de uma realidade. Existe uma desinformação que eu tenho de dizer que
é instrumentalizada pelo Executivo do Município para justificar esse terrorismo
de uma previsão de déficit orçamentário, como uma nítida manobra de procurar
justificar esse achaque que os servidores do Município estão tendo; estão tendo
a sua carteira esvaziada pela mãos do Executivo, que retira 2% dos seus
salários. Esse Executivo que cobra tributo de toda a cidade de Porto Alegre,
aplicando reajustes mensais com base no IGP-M, sonega agora dos seus
funcionários, dos seus servidores, idêntico tratamento.
Por isso, eu tenho tomado algumas
providências e estou documentando todas elas. Eu tenho inúmeros pedidos de
informações que não foram respondidos; estou pedindo, agora, todos os
relatórios da gestão fiscal, obrigação
da Lei de Responsabilidade Fiscal, para continuar aqui com números, com
documentos comprovando essa mazela, essa triste realidade que vive a nossa
Cidade, que eu não gostaria de adjetivar, porque, se fosse adjetivá-la,
correria o sério risco de incorrer no mesmo excesso verbal que incorreu o
Presidente da Casa, porque, lamentavelmente, nós vivemos num quadro onde
algumas expressões se aplicam com absoluta segurança, porque só elas retratam,
verdadeiramente, a realidade dessa discussão. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O
Ver. João Carlos Nedel está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, com a devida permissão do meu Líder, Ver. Pedro
Américo Leal, que pediu que também falasse em seu nome, o Partido Progressista
não poderia ficar alheio a essa discussão, e nós temos uma posição muito clara,
nós temos a certeza de que esse alarme do rombo financeiro apregoado nada mais
é do que uma justificativa. Querem justificar a não-execução ou o atraso das
obras do Orçamento Participativo de 2000, de 2001, de 2002 e de 2003 prometidas
na campanha eleitoral, meu ilustre amigo Eichenberg, que me ouve atentamente.
Querem justificar o atraso, a não-execução do sambódromo, do Pronto-Socorro, da
Perimetral, da Av. Juca Batista, do Paço Municipal, da Sede da FASC. Vejam,
senhoras e senhores, o prejuízo que o atraso ou a não-realização dessas obras
vai trazer para a população. É um prejuízo violento, meu caro Juvenal, que hoje
nos honra com a sua presença nesta Câmara. Querem justificar o logro aos
proprietários dos veículos locados, o logro, Juvenal, o senhor que é advogado!
Estão impondo a mudança do índice de reajuste aos locatários de veículos, na
Prefeitura. Como viram, o IGP-DI deu 32%, e estão impondo a alteração para o
IPCA, que deu 16%. E, se o proprietário, Ver. Pedro Américo Leal, assim não
desejar, cancela-se o contrato, perdem o contrato. É uma imposição; ou seja,
estão metendo a mão no bolso dos trabalhadores, como, aliás, estão metendo a
mão no bolso dos vinte mil funcionários públicos do Município ao negar, agora,
a bimestralidade, como já fez em 1995, o então Prefeito e, hoje, Secretário
Nacional do Desenvolvimento Tarso Genro, que trocou o índice depois da
data-base: tirou dinheiro do bolso dos funcionários, que se traduziu em 27%.
Tudo isso querem justificar com esse anúncio do rombo. Mas, agora, o ilustre
Ver. Marcelo Danéris, declara ao nosso querido Jornal do Comércio - que na semana passada completou setenta anos de
fundação - que a Prefeitura deve para a CEEE 15 milhões de reais em contas
atrasadas; deve energia elétrica e tem 150 milhões de reais aplicados no
mercado financeiro; e deve 15 milhões. Uma vergonha! Querendo justificar para a
Câmara, para forçar a Câmara a aprovar a Taxa de Iluminação, mas não vai ter!
Querem forçar o aumento do IPTU; também não vai ter!
Agora, eu pergunto: por que não reduzem
despesas? A verba de propaganda, onde gastam 13 milhões de reais por ano, por
que não acabam com ela? Ainda ontem, estive numa Secretaria e vi inúmeros
jornais editados pela Prefeitura, lá; e por que não acabam com esse gasto? O Cidade Viva não acabou? Está aí, e
muitas vezes contando inverdades. Por que não reduzem despesas? Por que ainda
não reavaliaram os mais de quatrocentos CCs, cargos de confiança, que há na
Prefeitura? Por que não reduzem despesas? Querem aumentar impostos, atrasar as
obras para fazer caixa para o ano eleitoral que se avizinha. É, realmente, uma
vergonha!
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O
Ver. Raul Carrion está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. RAUL CARRION: Exm.º
Ver. João Antonio Dib, Presidente desta Casa, demais Vereadores, Vereadoras,
todos que nos assistem aqui, nas suas casas e também através da TV Câmara. Em
primeiro lugar, nós queríamos registrar, em nome da Liderança do Partido
Comunista do Brasil, o PC do B, a passagem, no dia de ontem, 27 de maio, do
primeiro ano de falecimento do grande dirigente político, dirigente revolucionário
brasileiro, João Amazonas, falecido aos noventa anos de idade, depois de
sessenta e sete anos de militância, inúmeras prisões, perseguições, anos de
luta clandestina; um daqueles homens que, como dizia Bertolt Brecht, grande
poeta alemão, dramaturgo, que “existem homens que lutam um dia e eles são
necessários. Existem homens que lutam meses, e eles são bons. Existem homens
que lutam anos, e eles são muito importantes. Mas existem homens que lutam toda
a vida, e esses são imprescindíveis”. Certamente, João Amazonas, paraense,
líder revolucionário brasileiro, é um desses imprescindíveis de que falava
Bertolt Brecht, e por isso nós queríamos registrar um ano da sua passagem.
Nós queríamos entrar nessa discussão
sobre a situação orçamentária do nosso Município, dizendo, em primeiro lugar,
que é preciso, Ver. João Dib, manter essa discussão num alto nível, num nível
de respeito, onde a divergência, a discordância e a polêmica tenham espaço. Nós
sabemos o quanto, nas questões econômicas, assim como nas questões jurídicas,
há controvérsia normal, natural, e nós não podemos transformar essa
controvérsia, essa polêmica em uma discussão de baixo nível, onde a questão se
resuma a quem está mentindo, a quem não está mentindo; quem é pessoa correta,
quem não é. Isso não deve existir, principalmente num Poder, como é a Câmara
Municipal, em relação a outro Poder, que é o Executivo. Nesse sentido, eu apelo
ao Ver. João Dib, Presidente desta Casa, que reconsidere as palavras aqui
colocadas espontaneamente, pois tenho certeza de que não foi sua preocupação
chamar alguém de mentiroso, que retire dos Anais da Casa as expressões que V.
Ex.ª usou num momento de entusiasmo, quem sabe, de polêmica, porque são
questões controversas que nós precisamos esclarecer em uma discussão de alto
nível.
Eu queria dizer que entendo que a
Prefeitura trouxe aqui dados, continua aberta a trazer os dados para
discutirmos e vermos a sua validade ou não, mostrando as dificuldades
financeiras, objetivas, momentâneas, e demonstrou a queda das receitas, o
aumento das despesas com grande transparência e responsabilidade; isso é
importante, e medidas concretas para evitar que haja um déficit até o final do
ano. Não são verídicas nem as colocações de que o Município vive em um mar de
rosas, de que não há problemas financeiros, como também tentar apresentar
qualquer caos. Essa posição média, correta, é que o Município vem trazendo.
Eu queria também relembrar que Porto
Alegre passa por algumas dificuldades decorrentes do quadro nacional, mas é uma
das seis capitais que pode conseguir empréstimos nacionais e internacionais.
Investiu nesses anos de Governo Popular, 1,8 bilhões de reais. Quantas
Prefeituras, Ver. Elói Guimarães, têm essa situação favorável?
É uma Prefeitura que deu 294% de aumento
ao funcionalismo em oito anos. Qual é a Prefeitura, qual é o Governo Estadual,
qual é o Governo Federal que teve essa capacidade?
Então, temos que pesar de forma correta
essa situação, e creio que esta Casa tem de questionar o Executivo, amanhã
estará aqui o Prefeito, esteve o Secretário, todos eles estão à disposição; mas
com respeito, com independência, ao Poder Executivo.
Por fim, queremos registrar nesta Casa, a
nossa preocupação quanto à situação das duas ocupações, Ver. Wilton Araújo, da
Atílio Superti e do Montepio, que na reunião de ontem, eu deveria dizer que
chegamos a um impasse na solução do problema. Então, não quero que amanhã esta
Casa diga que, como Presidente da CUTHAB, nós não trouxemos a gravidade do
problema. Amanhã, procuraremos colocá-lo, e já pedimos a todos os Vereadores a
sua contribuição para enfrentar. Agradecemos a atenção de vocês. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Nobre
Ver. Raul Carrion, ouvi o apelo de V. Ex.ª, mas a Presidência usou apenas números.
O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O
SR. ISAAC AINHORN: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, os fatos que envolvem a chamada “crise das
finanças municipais”, cada vez mais se observa que se constituíram naquilo que
chamamos de tempestade num copo d’água, ou a criação de um quadro puramente
artificial. Primeiro, os fatos não vieram por meio dos canais competentes, dos
canais institucionais da Cidade, comunicação à Comissão de Finanças do
Legislativo Municipal, reunião com o Presidente do Legislativo Municipal e os
Vereadores. Não; primeiro, lançou-se o fato, a tempestade, a borrasca na
imprensa, daí começa o quadro de ver a repercussão, e os desmentidos começaram,
porque até agora não se mostrou nada de documento escrito, no concreto, na
análise dos balanços, na análise de balancetes, na análise de papéis e
documentos. Até agora não veio nada. Tudo está na opinião, nas informações, nas
declarações. Primeiro de que havia um déficit de 75 milhões de reais; depois,
num segundo momento, de que havia um risco de déficit projetado de 75 milhões
de reais até o final do ano. O Secretário Municipal da Fazenda veio aqui e
ouviu dos Vereadores, deste Vereador, do Ver. Luiz Braz, do Ver. Sebastião
Melo, do Ver. Cassiá Carpes que ele não estava respondendo às questões
formuladas pelos Vereadores, e não respondeu. Assumiu o compromisso de
encaminhar quatorze, quinze respostas por escrito. Ele esteve aqui numa
sexta-feira pela manhã até às 15h da tarde, e assumiu o compromisso de, até terça-feira
seguinte, encaminhar as respostas às questões, por escrito. Eu pergunto se
algum Vereador desta Casa, se o Presidente desta Casa ou algum Vereador recebeu
respostas às indagações dos Srs. Vereadores sobre a questão das finanças
municipais? Ninguém recebeu. Ficamos simplesmente sem resposta até a presente
data.
Olha, Ver. João Antonio Dib, V. Ex.ª,
depois que deixou a Prefeitura, passou um tempo sem ser Vereador, depois,
praticamente durante todo o período do PT, foi Vereador nesta Casa junto com este
Vereador, junto com o Ver. Elói Guimarães, longo tempo com o Ver. Wilton
Araújo, e veja V. Ex.ª, eu até tenho saudade do então Prefeito Olívio Dutra,
hoje Ministro das Cidades, que, questionado sobre IPTU, veio aqui com este
Vereador e com outros Vereadores debater uma tarde inteira, sofreu um
bombardeio total, mas discutiu. Talvez seja esse o segredo do sucesso político,
quem sabe, do então Prefeito Olívio Dutra, que veio para cá e enfrentou o
bombardeio da oposição e assumiu o combate, veio aqui. O Prefeito Alceu
Collares, em um mandato atípico de três anos, quando enfrentou problemas -
naquela época existiam problemas mesmo, porque não havia a Constituição de
1988, que beneficiou os Municípios, notadamente as capitais brasileiras, veio
aqui e disse: “Estou com esses e esses problemas e preciso da Câmara de
Vereadores para viabilizar a sustentação financeira do Município.” Teve
respaldo. Agora, o atual Prefeito fica em uma verdadeira “torre de marfim”, e
ele não tem Vice-Prefeito. Na época em que o Olívio Dutra foi Prefeito, mandava
o Vice-Prefeito Tarso Genro que fazia apelos. Em relação ao Prefeito Raul Pont,
a mesma coisa, só que agora não vemos mais isso, então acho que, frente aos
dados trazidos aqui pelo Ver. João Antonio Dib e pelo Ver. Sebastião Melo,
pelos questionamentos que estão sendo formulados pela oposição, amanhã, aqui,
recepcionar o Prefeito sem que ele traga os números, os dados, convenhamos! O
Prefeito, em situação normal, em todas as circunstâncias, até por sua
legitimidade popular, seria bem-vindo a esta Casa, mas ele não vem aqui debater
com os Vereadores; ele vem aqui simplesmente, consoante a definição da Lei
Orgânica, fazer entrega, em ato solene, da Lei de Diretrizes Orçamentárias. Na
questão das finanças municipais, o único ato que vi até agora é o corte do
IGP-M dos funcionários municipais deste bimestre. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): A
Mesa informa que está à disposição a cópia do pronunciamento deste Presidente
aos Vereadores que desejarem, bastando solicitar à Taquigrafia.
Havendo quórum passamos à
O
SR. WILTON ARAÚJO (Requerimento): Sr.
Presidente, requeiro que a ordem dos processos da Ordem do Dia seja a seguinte:
em primeiro lugar o PLCL n.º 022/00, seguindo-se o PLE n.º 020/01, PLL n.º
176/01, PLE n.º 037/01, PLL n.º 066/98, PLE n.º 048/02, PLL n.º 048/01 e PLE
n.º 083/02. Depois, segue-se a ordem normal.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Em
votação o Requerimento, de autoria do Ver. Wilton Araújo. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade.
Apregôo a Emenda n.º 01 ao PLE n.º
007/03, de autoria do Ver. Marcelo Danéris, que altera o art. 1.º do PLE n.º
007/03, retirando as expressões “acesso”, “atual”, e “de acordo com a Lei
Complementar n.º 137/86”. Resultando na seguinte redação: “Art. 1.º: A ementa
da Lei n.º 6.675/90 passa a vigorar com a seguinte redação: ‘Denomina Rua
Manoel Marques de Fraga um logradouro irregular’ e o caput do art. 1.º da Lei n.º 6.675/90 passa a vigorar com a
seguinte redação: ‘Fica denominada Rua Manoel Marques de Fraga’ o logradouro
irregular conhecido como Beco da Servidão, sem nome, localizado entre a
confluência das Avenidas Juca Batista e Edgar Pires de Castro.” Ao mesmo tempo,
o Vereador solicita dispensa do envio da Emenda n.º 1 às Comissões.
Em votação o Requerimento, de autoria do
Ver. Marcelo Danéris, que solicita a dispensa do envio da Emenda n.º 01 às
Comissões. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados.
(Pausa.) APROVADO.
(discussão: todos os
Vereadores/05minutos/com aparte;
encaminhamento: autor e bancadas/05
minutos/sem aparte)
PROC.
3197/00 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 022/00, de autoria do Ver. Luiz Braz, que altera dispositivos da Lei
Complementar n.º 362, de 28 de dezembro de 1995, e dá outras providências.
(passe livre) Com Emenda n.º 01.
Pareceres:
- da CCJ. Relator Ver. Reginaldo Pujol: pela aprovação do Projeto e da
Emenda n.º 01;
- da CUTHAB. Relator Ver. Valdir Caetano: pela aprovação do Projeto e da
Emenda n.º 01;
- da CEDECONDH. Relator Ver. Cassiá Carpes: pela aprovação do Projeto e
da Emenda n.º 01;
- da COSMAM. Relator Ver. Sebastião Melo: pela aprovação do Projeto e da
Emenda n.º 01.
Observações:
- para aprovação, voto
favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA - art. 82, § 1.º, I, da LOM;
- incluído na Ordem do Dia
em 30-04-03;
- discutiram a matéria, em
26-05-03, os Vereadores L.Braz e S.Melo.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Em
discussão o PLCL n.º 022/00. O Ver. Darci Campani está com a palavra para
discutir.
O
SR. DARCI CAMPANI: Sr.
Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, o presente Projeto
de Lei Complementar visa a alterar dispositivo da Lei Complementar n.º 362, que
se refere ao passe-livre.
Inscrevi-me para falar - e vejo que o
Ver. Luiz Braz está ali, atento à minha intervenção -, muito em cima da própria
intervenção do Vereador.
O passe-livre hoje utilizado na Cidade é uma grande conquista da população de
Porto Alegre, e muitas, muitas pessoas mesmo o utilizam, por isso até alguns
usuários do sistema de transporte coletivo reclamam, porque chega no dia do
passe-livre e os ônibus ficam cheios. As pessoas estão acostumadas a que, nos
fins de semana, nos domingos, dias em que se tem baixa quantidade de usuários,
tendo em vista que a Cidade se desacelera e não tem aquela vida mais ativa,
típica da semana, então as pessoas que normalmente utilizavam - ou utilizam
ainda - os ônibus no final de semana, quando chegam no dia do passe-livre, o
ônibus está cheio.
O Ver. Luiz Braz, autor do Projeto, veio,
em uma defesa um pouco excessiva do seu Projeto de Lei, dizer que, aos
domingos, no dia do passe-livre, hordas de pessoas, de gangues invadiam os
ônibus da cidade de Porto Alegre e que prejudicavam as pessoas que tinham de
usar realmente o ônibus. O que eu tenho detectado, não vou dizer que sou um
grande usuário do sistema de ônibus em Porto Alegre, nós acabamos, normalmente,
usando o veículo próprio, mas sempre que posso utilizo e, às vezes, no dia de
passe-livre o que se nota é exatamente isso, uma grande quantidade de pessoas
que nunca poderiam usar o ônibus no fim de semana para fazer um deslocamento de
maior distância pegando dois ônibus, às vezes indo ao Lami, ao Belém, indo aos
pontos da cidade de Porto Alegre, que permitem ainda hoje, com a nossa vida tão
conturbada, que a população tenha algum lazer, então, a quantidade de pessoas
realmente aumenta e esse movimento a mais é natural do que aquelas pessoas que
utilizavam o ônibus nos dias da época em que não havia ainda o passe-livre. É
natural que essas pessoas se sintam perturbadas no seu fim de semana quando o
ônibus está cheio. Então, não vejo hordas, gangues entrando nos ônibus, mas
vejo realmente a grande parte da população que, caso não fosse o passe-livre,
não estaria utilizando o ônibus.
Na Sessão passada foi salientado que já
havia um Projeto de Lei, de autoria do então Ver. André Forster, aprovado por
esta Câmara, que também já legisla sobre o mesmo assunto, que é a questão do
vale-transporte para os desempregados. Na realidade brasileira, essa questão do
vale-transporte para os desempregados - nós temos, é lógico, que nos
sensibilizar com as pessoas desempregadas e passamos, durante oito anos,
denunciando o Governo do PSDB, que era o causador desse desemprego, pela sua
política que implantou em nosso País, que causou essa alta taxa de desemprego
-, não será a Prefeitura ou os empresários do transporte que vão resolver o
problema do desemprego no Brasil. Se Porto Alegre tiver em torno de oitenta mil
pessoas desempregadas, que é, se não me engano, a taxa atual, imaginem que
oitenta mil pessoas, mais do que uma lotação do GRENAL, vão ter transporte
gratuito. Aí, sim, causaria um impacto muito grande na tarifa, porque os outros
terão de pagar, não é o empresário que vai tirar do seu bolso, porque talvez no
bolso dele não esteja sobrando tanto. As nossas tarifas, comprovadamente, são
bastante justas em relação ao serviço praticado, então, vai sair dos outros, que
estão pagando normalmente as suas passagens. Por mais que possamos ser
preocupados com a questão do desemprego, ele tem de ser resolvido com políticas
públicas - não com uma política neoliberal - que, realmente, ativem o nosso
Brasil de novo. Esta é a perspectiva do Governo Lula, que, após cinco meses,
continua herdando um Governo de oito anos do Presidente Fernando Henrique
Cardoso, não tendo conseguido chegar, ainda, ao ponto da virada, onde tenhamos,
pelo menos, detidas as taxas de juros, sem a perspectiva de alta e com a
perspectiva de retomada da economia como uma necessidade do Brasil, o que foi
dito, franca e honestamente, pelo nosso Chefe da Casa Civil, José Dirceu. Não
conseguimos, ainda, porque não foi possível anular os oito anos de Governo do PSDB.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O
Ver. Pedro Américo Leal está com a palavra para discutir o PLCL n.º 022/00.
O
SR. PEDRO AMÉRICO LEAL:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eis um Projeto sábio, pois, além de conter um
fato que o Ver. Luiz Braz enfatizou da tribuna, sobre os arrastões – destaca
ser preciso o Governo do Município, o PT, preocupar-se com a ocorrência que se
verifica -, respeitando nos dias de vacinação, de eleição, não muito
freqüentes, colocando o primeiro dia útil de cada semana com isenção de
pagamentos nas tarifas de transporte coletivo por ônibus, no Município de Porto
Alegre, aos desempregados. Vai impactar, enfrentando frontalmente, um problema
que nos aflige: o desemprego. Preocupou-se com isso. Estamos fugindo dos
arrastões, que acontecem em dias de passe-livre - não sou usuário de ônibus,
não posso citar a minha experiência como válida -, mas os arrastões têm de ser
abominados, combatidos, a Secretaria de Segurança tem de cuidar isso. Onde está
a Secretaria de Segurança Pública, face aos arrastões? Não pode haver
arrastões. Sabemos que tem no Rio de Janeiro, na Zona Sul, nas suas praias,
quando a molecada, malandragem, desocupados daquelas favelas do Rio de Janeiro,
descem em arrastões e aterrorizam a população. Está-se dando aqui, diz o Ver.
Luiz Braz.
O
Sr. Luiz Braz: V. Ex.ª
permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Pedro Américo Leal, eu afirmo
a V. Ex.ª: todas as pessoas que duvidarem dessa afirmação, que perguntem para
aqueles que são obrigados a trabalhar nesse dia e precisam usar o transporte
coletivo. É só perguntar.
O
SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Muito
mais grave, penso, é essa situação que se cria para a população que busca o
coletivo para passear. Pois era esse o objetivo nosso; aqueles que não têm
dinheiro para avistar panoramas de alegrar os olhos, não podem fazer isso,
porque um bando de malandros e vagabundos aterrorizam os usuários dos ônibus. É
abominável. Pois ele procura acabar com isto. Respeita os dias das vacinações,
das eleições e busca dar um ensejo para que os desempregados possam, por meio
de viagem, nas segundas-feiras, no primeiro dia útil da cada semana, procurar
emprego, uma ocupação. Não vejo nada de abominável, de repressivo neste
Projeto. Este Projeto é ótimo. É ótimo!
Ver. Luiz Braz, deixe de lado esse homem
do Partido Comunista e preste atenção a mim. Eu acho que seu Projeto é ótimo;
V. Ex.ª está acabando com a malandragem, com a vagabundagem que campeia nestes
dias e que eu não sabia.
O
Sr. Luiz Braz: Os
Vereadores desta Casa deveriam andar no transporte coletivo neste dia do
passe-livre para ver o que acontece, porque não adianta vir aqui e dizer, como
o Ver. Darci Campani afirmou, que não é bem assim. Mas se ele nunca usou o
transporte coletivo, eu penso que ele nem conhece bem os ônibus, onde trafegam.
Então, não adianta.
O
Sr. Darci Campani: V.
Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu quero corrigir a
intervenção do Ver. Luiz Braz e dizer que eu uso e já usei mais de uma vez, no
dia de passe-livre, não vim aqui falar de hipóteses. Eu acho que já é a segunda
vez, neste mês, que o Ver. Luiz Braz distorce as intervenções que eu faço neste
Plenário.
As anotações estão aí, se o Ver. Luiz
Braz não consegue prestar atenção e não entende o que falamos, é outro
problema.
O
SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: V.
Ex.ª está fazendo uma tabela através da minha pessoa, eu não tenho nada que ver
com isso, nada que ver com isso! Quero realçar o Projeto, é ótimo, termina com
a bandidagem, a malandragem, a vagabundagem, respeita o Dia de Vacinação, o Dia
de Eleições e cria uma resposta, uma solução para os desempregados! Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Registro,
com prazer, a presença, neste Plenário, dos Vereadores: Inocente Alberto
Grando, Presidente da Câmara de São Valentim, do PSB; Euclésio Ludwig, do
Município de Jari, do PMDB; e Diltone Silva, Vereador-Presidente da Câmara de
Dom Pedrito, que é do PFL.
O Ver. Raul Carrion está com a palavra
para discutir o PLCL n.º 022/00.
O
SR. RAUL CARRION: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras, em relação a este
Projeto, eu queria dizer, em primeiro lugar, que nós não compartimos da visão,
a achamos um tanto preconceituosa – não necessariamente a do autor - quando
considera que o passe-livre cria uma situação em que os marginais, os maus
elementos, os pobres usam e ameaçam a Cidade.
Nós achamos que o passe-livre tem um
objetivo social importante, que parece até pouco lógico que pessoas na cidade
de Porto Alegre, no terceiro milênio, não tenham a possibilidade de, no domingo
ou nos feriados, sequer se deslocar das suas vilas, dos seus bairros. E lá
estão não porque gostem de morar mal; lá estão porque a condição econômica
deste País levou milhões à miséria; são cinqüenta e seis milhões abaixo da
linha da miséria, que não têm o que comer, não têm uma casa decente e não podem
utilizar o pouco dinheiro que possuem para gastar no ônibus. E é nesse domingo,
que o cidadão, junto com a sua esposa e os filhos, às vezes com a roupa
domingueira, tem a possibilidade de vir à Cidade grande, conhecer o Centro,
quem sabe um museu, uma praça, divertir-se na Redenção. Então, nos parece que
não pode animar esta Casa uma visão preconceituosa contra os pobres, contra os
que sofrem; ao contrário, acho que esse é o papel do passe-livre. Nesse
sentido, ele é justo e o defendemos.
Se existe marginalidade, também é porque
essa sociedade está de uma forma inadequada – muitos não têm nada e outros,
poucos, têm muito -, mas não se vai corrigir esse problema social eliminando o
passe-livre, porque os marginais, criminosos que existem na sociedade não
dependem do passe-livre para vir ao Centro.
Por isso, Ver. Luiz Braz, fizemos um
destaque no art. 1.º do seu Projeto, que limita o passe-livre a determinadas
situações. Acreditamos que a redação atual é mais justa, mais correta e tem
contemplado essas situações sempre. Portanto, ficamos com a redação atual,
porém, queremos dizer que a Bancada do PC do B votará favoravelmente ao artigo
2.º e aos demais, que são decorrentes.
O artigo 2.º coloca que no primeiro dia
útil de cada semana ficam isentos de pagamento das tarifas de transporte
coletivo de ônibus em Porto Alegre os desempregados. Não abre em geral para os
desempregados, porque, num país onde 54% da população não têm carteira
assinada, seria o caos, mas simplesmente aos que comprovem mediante estarem
cadastrados no SINE, quando são desempregados através da carteira de trabalho.
Estou examinando se há tempo para colocar que esteja no período do
auxílio-desemprego, porque há pessoas que estão há dez anos desempregadas e
hoje não temos condições de absorvê-las. E apóio porque temos um Projeto mais
amplo.
O
Sr. Luiz Braz: V. Ex.ª
permite um aparte? (Assentimento do orador.) Um dos artigos do Projeto diz que
o atestado que é dado tem validade apenas por um mês. Ele só poderá ser
renovado por duas vezes mais. Então, no máximo três vezes, mas o atestado tem
validade só por um mês, para que se, porventura, ele perder a sua condição de
desempregado, ele já não tem mais o direito de usar o passe livre.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O
Ver. Elias Vidal se inscreve e cede o seu tempo a V. Ex.ª, Ver. Raul Carrion.
O
SR. RAUL CARRION: Então,
o que eu dizia? Nós temos um Projeto que até agora não tivemos oportunidade de
trazer para o Plenário, que vai no espírito do passe-livre para o desempregado.
Porém, só não colocamos na segunda-feira, e eu acho que já é um avanço se nós
conseguirmos, porque é o dia quando há mais demanda dos desempregados em buscar
o emprego, quem sabe, no futuro, nós consigamos o passe-livre para o
desempregado de uma forma mais ampla, mas eu não tenho como deixar de apoiar
essa proposta do Ver. Luiz Braz.
Vou fazer uma Emenda, Ver. Luiz Braz,
pois, quando eu fiz o meu Projeto, eu encontrei uma resistência, uma
preocupação do Governo, que eu acho legítima, pois muitas pessoas ficam
desempregadas durante anos. Essa é a nossa realidade, e aí é um universo muito
grande e, pelo menos, se nós atendermos àqueles que estão desempregados, já
será um grande avanço, porque, na verdade, é a população que acaba pagando. Nós
temos que limitar o universo, mas acho que a preocupação é justa.
Então, a minha Emenda vai ser no sentido
de que apresentem comprovação de que estão recebendo o auxílio-desemprego, o
que significa que eles estão dentro dos seis meses. Mas eu acho - e até coloco
para a Bancada do Governo - que, na verdade, não existe uma opinião da Bancada
do Governo, da Frente Popular; isso é uma opinião, talvez, do Partido dos
Trabalhadores. Seria uma vez por semana, na segunda-feira, que é o dia em que
nós sabemos que o desempregado utiliza para a busca do emprego e, mesmo que
acabe sendo rateado na população, é também rateado o passe-livre, e esse aqui
tem uma função social indiscutível. Portanto, quero dizer que eu, como Ver.
Raul Carrion, do PC do B, votarei contra o art. 1.º, que restringe o
passe-livre, o qual deve ser mantido e é uma conquista da população de Porto
Alegre, tendo o apoio da Administração, e votarei a favor do art. 2.º e seu
parágrafo.
O resto são detalhes do Projeto. Mas
farei essa Emenda com a máxima celeridade, para tornar possível a aprovação. Eu
penso que vai ser um avanço. Temos tido divergências com o Ver. Luiz Braz, mas
quero dizer que todos nós temos que ter a grandeza, nesta Casa, de, quando
entendemos que o Projeto é justo, defendê-lo, independente da sua origem.
O
Sr. Luiz Braz: V. Ex.ª
permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Raul Carrion, eu quero
cumprimentá-lo. Realmente nós temos tido divergências, mas não são pessoais,
até porque tenho uma grande admiração pelo trabalho de V. Ex.ª Essas
divergências ficam no campo ideológico, e que elas fiquem realmente só nesse
campo, porque a minha admiração por V. Ex.ª continua.
O
SR. RAUL CARRION: Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib):
Anuncio a solicitação de destaque feita pelo Ver. Raul Carrion, do
art. 1.º, do PLCL n. º 022/00.
O Ver. Carlos Pestana está com a palavra,
por cedência de tempo do Ver. Juarez Pinheiro, para discutir o PLCL n.º 022/00.
O SR. CARLOS PESTANA: Sr. Presidente, Sr.ªs
Vereadoras e Srs. Vereadores, pessoas que nos assistem pela TV Câmara, eu
queria fazer algumas ponderações sobre o Projeto do Ver. Luiz Braz. Penso que é
um Projeto que tem uma boa idéia no seu conteúdo. A preocupação de estender o
passe-livre aos desempregados e nos dias de vacinação talvez tenha uma
necessidade maior que simplesmente definindo um dia no último domingo de cada
mês, como é hoje. Eu, particularmente, tive a oportunidade de estabelecer um
debate com alguns conselheiros tutelares, que estavam reivindicando que dois
meses do passe-livre fossem destinados aos Conselhos Tutelares, para que os
Conselhos Tutelares, a partir dos seus critérios, pudessem designar àquelas
pessoas mais carentes, em particular na Vila Restinga e na Zona Norte, para
viabilizar o seu deslocamento para o Centro, para questões relativas a
hospital, coisas desse tipo.
A motivação do Projeto é correta; agora,
eu queria externar algumas preocupações. Como foi registrado, o passe-livre
acaba entrando no cálculo da tarifa, e certamente representa um custo no
cálculo da tarifa que atinge o conjunto da população que usufrui do transporte
coletivo na nossa Cidade. Antes de nós podermos aprovar este Projeto ou até
sugerir um aperfeiçoamento dele - volto a dizer, a idéia de canalizar o
passe-livre para a questão do desempregado, em tese, me agrada; nesse sentido,
eu quero fazer jus à iniciativa do Ver. Luiz Braz - é necessário termos uma
idéia da quantidade que isso vai representar e o custo que isso vai representar
no conjunto do sistema, sob pena de estarmos onerando o conjunto daquelas
pessoas que estão utilizando o transporte coletivo. Nesse sentido, eu acho que
o Projeto de V. Ex.ª teria que ser um pouco melhor trabalhado. Volto a dizer,
eu tenho simpatia com a idéia, a própria questão do desempregado. O Ver. Raul
Carrion levantou a questão daquelas pessoas que recebem pelo SINE as parcelas
do seguro-desemprego. Bom, encerrado isso, a pessoa não conseguiu o emprego,
ela também vai perder esse direito? Se ela não consegue viabilizar durante o
período em que está vigorando o seguro-desemprego - eu estou pegando só para
tentar dialogar com a sugestão do Ver. Raul Carrion...
O
Sr. Luiz Braz: V. Ex.ª permite
um aparte? (Assentimento do orador.) Exatamente
como disse o Ver. Raul Carrion da tribuna, se nós não colocarmos algum
limitador, vai ser impossível isso ser suportado pelo sistema. Por isso nós
colocamos esse limitador. Nós queremos apenas substituir o gasto que já existe
no domingo por um gasto na segunda-feira.
O
SR. CARLOS PESTANA: Ver.
Luiz Braz, por isso eu acho que é importante - volto a colocar aqui a questão -
que a gente aprofunde um pouco mais esta discussão. Eu gostaria - eu não tenho
os dados - de saber quantas pessoas estariam nessa situação a que V. Ex.ª está
se referindo, que foi endossada aqui pelo Ver. Raul Carrion. E o que isso
representaria na tarifa. O que temos, hoje, é uma série de médias a partir do
levantamento dos dias, dos últimos domingos, finais de semana, na questão do
passe-livre e o que isso representa na tarifa. Acho que essa idéia é positiva.
Voto a dizer: é positiva, tem a minha simpatia, mas acho que é importante que
aprofundemos a questão do custo que vai representar este Projeto para o
sistema, para que possamos, concretamente, nos manifestar sobre a possibilidade
ou a viabilidade desse Projeto. Então eu quero registrar que não se trata...
O
Sr. Sebastião Melo: V.
Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Quero indagar se V. Ex. sabe
o percentual daqueles usuários do transporte coletivo em Porto Alegre, pelos
dados estatísticos do Governo, que são hoje isentos de pagar a passagem,
envolvendo os que têm mais de sessenta anos, os oficiais de justiça, o policial
militar. Na avaliação de V. Ex.ª, qual o percentual dos que não pagam?
O
SR. CARLOS PESTANA: A
observação do Ver. Sebastião Melo é pertinente porque, na verdade, todas as
isenções acabam repercutindo na tarifa. Agora, no momento, não disponho dos
dados do conjunto de pessoas que são beneficiadas pela isenção da tarifa. Mas
acredito ser fundamental que tenhamos esses dados até para podermos contribuir
para o desenvolvimento deste Projeto.
Então, a minha preocupação é que essa boa
idéia do passe-livre, que possibilita que as pessoas tenham o transporte
coletivo à disposição para usufruir do seu lazer...
Em função da gravidade social, é evidente
que a questão do desempregado tem preferência, mas é importante também que se
tenha uma dimensão do que representa isso para o conjunto de usuários que
utiliza esse transporte, porque o passe-livre representa um custo para o valor
final da tarifa.
Então, acredito que esse estudo, até para
que não se cometa nenhuma leviandade, no sentido de onerar ainda mais a questão
tarifária, é necessário ser feito para podermos apreciar e nos manifestar sobre
este Projeto proposto pelo Ver. Luiz Braz.
Então, só deixando a sugestão, nós
deveríamos, talvez, adiar a votação deste Projeto para que tenhamos subsídios e
elementos para termos uma posição definitiva, conclusiva sobre este Projeto que
está sendo encaminhado pelo Ver. Luiz Braz a esta Casa. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O
Ver. Elói Guimarães está com a palavra para discutir o PLCL n.º 022/00.
O
SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, todos, Ver. Juvenal Ferreira, conhecem a mecânica
– veja, V. Ex.ª – de como se calcula a tarifa do transporte coletivo em Porto
Alegre. Há uma metodologia de cálculo onde se lança o custo, tem-se a
arrecadação e um fator chamado IPK - Índice de Passageiro por Quilômetro. O que
faz o Partido dos Trabalhadores? Na minha opinião faz o que se chamaria - o que
sempre condenaram, é bom que se diga - de populismo grosseiro, populismo dos
mais grosseiros. Assistencialismo, aquilo que se acusava no passado,
assistencialismo, populismo grosseiro, sem justificativas razoáveis. E sabe, V.
Ex.ª, quem é que paga? Esse que no fim do mês entra no ônibus - não todos -,
sai do ônibus, desembarca ali, etc., atira os papéis para cima. Sabe quem é que
paga? Esse, que muitas vezes desnecessariamente anda de ônibus e que pode
economicamente ter bastante dinheiro no bolso? É o “Zé da marmita”, aquele que
levanta às 5h da madrugada, porque domingo ele está descansando; é bom que se
diga, o trabalhador, no domingo, está descansando, porque ele trabalha
segunda-feira. Pois é o “Zé da marmita”, aquele que levanta às 5h e paga a sua
passagem, é o que está remunerando esse passe-livre, que a Administração do Partido
dos Trabalhadores cumprimentou com chapéu alheio. Passou para a população o que
estava dando, não é a Prefeitura que dá, e muito menos o empresário. Quem paga
é o “Zé da marmita”. Porque vai ali para o custo, vai para o IPK, vai para o
custo, é custo. A passagem poderia ser menos? Poderia, se não tivesse esse plus, esse pequeno plus – é denunciado por mim esse plus tarifário. Então, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, há muito
deveria se discutir esse assunto. Agora o Ver. Luiz Braz quer tirar, e o simples
fato de tirar já seria uma medida justa com o “Zé da marmita”, que levanta de
madrugada na segunda-feira para trabalhar, que é quem paga isso aí, Ver. Luiz
Braz. Mas V. Ex.ª faz um contrapeso muito bom, que tem fundamento, tem razão de
ser, não se brinca. Aquele que vai trabalhar e que necessita do ônibus não está
brincando, não está entrando no ônibus. “Desço ali, pego de novo o ônibus...”
E, muitas vezes, tem dinheiro no bolso! Então, veja que tem fundamento a sua
iniciativa; é muito boa, pois estende a compensação àquele que comprovar,
efetivamente, que necessita andar de ônibus para buscar o emprego,
comprovadamente. As coisas têm de ser sérias! Chega de demagogia! Porque custa
muito caro para quem paga imposto, para um trabalhador, porque é tudo para o
trabalhador: a espiral anda, anda e bate em quem? Bate na população, naquela
que trabalha, que luta. É ela que arrecada, é ela que paga a tarifa. Então, Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, é um grande Projeto, se bem que, evidentemente,
deverá atingir determinados casos, determinadas famílias que saem até para
passear. Claro que há; como minoria há, mas a regra é a desnecessidade. “Entro
aqui, desço ali, salto lá. E, muitas vezes, até economicamente eu tenho
recurso.” Porque não diz que só o pobre usa o passe-livre. Não está dito, nem
há como fiscalizar que só o pobre use o passe-livre. O cidadão que há tempo tem
recursos pega e usa, e o ônibus está rodando. E os custos aumentaram, pois tem
que pagar gasolina, tem que pagar o material “rodante”, o cobrador, o
motorista, etc; há todo um custo, enfim.
Então, Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
somos absolutamente favoráveis a este Projeto.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O
Ver. Renato Guimarães está com a palavra para discutir o PLCL n.º 022/00.
O
SR. RENATO GUIMARÃES:
Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, o Ver. Luiz Braz
traz, através deste Projeto, a intenção de atacar um problema e cria, no
mínimo, mais cinco outros problemas. É sério o debate que o Vereador traz à
Casa, que é a questão dos desempregados. Os indicadores de desemprego no Brasil
são crescentes. Portanto, é um problema sério; agora, tem que cuidar, porque,
dependendo, gera mais três, quatro no roldão.
O Projeto do Ver. Luiz Braz, lido como
está, é um Projeto que é um tiro contra o passe-livre. É um Projeto contra o
passe-livre. Por quê? Porque o passe-livre está regulado de uma maneira, para
garantir a todo o cidadão de Porto Alegre, em datas especiais, a possibilidade
de acessar o direito, sem precisar pagar passagem. Qual é a regra que está por
detrás disso? Em dia de vacinação, para não termos discriminação, para todo
cidadão desta Cidade ter o direito de acesso, ninguém paga passagem, mas alguém
acaba pagando. Quem é que paga passagem no dia da vacinação? Todos os cidadãos
de Porto Alegre que andam de transporte coletivo durante todo o mês acabam
pagando aquele dia; aquele dia vai para a tabela que fecha o valor da tarifa. A
Lei está bem clara aqui, ela botou um limite, para que o cidadão que paga
passagem não diga que a cada dia os Vereadores aprovam uma lei que mexe com o
valor da tarifa. Não, a Lei aqui botou um limite: são doze dias no ano em que
há passe-livre, para todo o cidadão que anda no transporte coletivo pagar, e
está pagando bem, está pagando para ter direito à vacinação, direito no momento
do pleito eleitoral, para ter acesso a esse uso.
O que está colocado aqui é trazer para a
dinâmica do passe-livre um problema social que a gente não sabe nem como
mensurar na Cidade. Eu gostaria que algum Vereador aqui me dissesse, hoje, qual
é o número, não em percentual, de desempregados em Porto Alegre, qual é a
identidade e onde mora, e se o cara que mora em Viamão ou em Alvorada é
desempregado. Nós vamos conseguir construir um sistema que vai fazer com que
esse cidadão não ande no transporte coletivo de Porto Alegre com o mesmo
conceito de desempregado?
Estou falando de um problema, mas há
outro. Sobre a quantidade, em percentual, nós podemos dizer que temos em torno
de 18% de desempregados na Grande Porto Alegre, um número assustador: são mais
de trezentos mil desempregados. Colocando isso, Ver. Pedro Américo Leal, dentro
do Sistema de Transporte Coletivo de Porto Alegre se acaba com o sistema de
transporte, porque o Sistema de Transporte Coletivo de Porto Alegre não é
estatal, nem nós aprovaríamos, dentro da dinâmica que está estabelecida hoje,
que ele fosse estatal. Ele é um sistema privado, que é custeado pelo valor da
passagem que o cidadão paga, portanto, essa proposta aqui, além de inviabilizar
o passe-livre, ela cria o problema de inviabilizar o transporte coletivo de
Porto Alegre, porque nós temos um milhão de usuários por dia, são mais ou menos
trezentos mil capacitados a andar no transporte coletivo sem pagar passagem,
isso são 30% do que o transporte roda no dia.
O outro problema que eu gostaria de
expor, que aparentemente resolve um problema e crias outros - e eu estava
comentando isso com os Vereadores, ali da Bancada - é o que cria aqui no
Plenário um falso dilema, Ver.ª Maristela, de que há Vereadoras a favor dos
desempregados e Vereadores contra os desempregados. “Ah! Então, há pessoas que
vão votar contra esse Projeto, são contra os desempregados!” Pelo amor de Deus,
vamos ser sérios em tratar a questão do desemprego. Vamos ser muito sérios em
tratar a questão do desemprego, porque essa questão não pode ser tratada pela
direita, por quem causou, nesses anos todos, pelo arrocho, pelo sistema, pelo
modelo de sociedade que construiu um enorme exército de desempregados. E vir
agora com um Projeto desses, e dizer que está resolvendo o problema dos
desempregados?! Outra questão, só para finalizar, Ver. Luiz Braz, traz para
Casa, Vereador, algo que eu acho que a Casa não deve tratar, que é o debate da
tarifa. Porque nós já criamos mecanismos técnicos para definir, sem a disputa
político-ideológica, qual é o preço da tarifa. Criamos mecanismos técnicos e o
Projeto de V. Ex.ª mistura isso; traz para Casa um debate político sobre a
tarifa do transporte, e aí todo o cidadão também perde. Esses são os problemas
que o seu Projeto causa, e vamos dizer que, aparentemente, tentaria resolver um
problema que é o de os desempregados andarem no sistema, que, eu acho, acabaria
não funcionando. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O
Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para discutir o PLCL n.º 022/00.
O
SR. REGINALDO PUJOL: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, como liberal, aprendi, há muito tempo, que sempre
alguém paga pelo cafezinho.
O
Sr. Pedro Américo Leal: V.
Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) V. Ex.ª foi acusado de
“liberal petista”; então eu disse: esse homem é de circo.
O
SR. REGINALDO PUJOL: Sr.
Presidente, eu acho que o Ver. Braz traz à discussão um assunto de muita
relevância, que permite que um debate muito qualificado se estabeleça aqui na
Casa. Eu vou pedir a atenção do Ver. Elói Guimarães, porque em matéria de
Legislação de transporte nesta Cidade eu sempre segui V. Ex.ª com muito
carinho, porque V. Ex.ª é um estudioso da matéria e sempre me ensinou que esse
problema de tarifa é um problema técnico que não pode ser politicamente
tratado, porque a tarifa é uma decorrência de uma planilha de custos que
determina as variáveis. Se hoje nós temos um modelar serviço de levantamento de
custos de transporte coletivo, isso se deve, fundamentalmente, à ação de V.
Ex.ª, que teve a inteligência de promover introduções na Legislação Municipal,
dirigindo nesse sentido.
O
Sr. Elói Guimarães: V.
Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Meu aparte é para destacar o
brilhante parecer de V. Ex.ª num Projeto da nossa autoria, que estabeleceu a
metodologia de cálculo para o transporte coletivo em Porto Alegre, a tarifa em
Porto Alegre. Brilhante o parecer de V. Ex.ª!
O
SR. REGINALDO PUJOL: Eu
agradeço a V. Ex.ª. E digo que só pude dar aquele parecer como diz V. Ex.ª, que
foi brilhante, porque V. Ex.ª foi brilhante no tratar da matéria. Agora o Ver.
Braz, num Projeto de Lei Complementar, busca introduzir modificações na Lei
Complementar n.º 362, que criou o passe-livre no Sistema de Transporte Coletivo
de Porto Alegre, e que dá outras providências. O Ver. João Dib, Presidente da
Casa, deve recordar muito bem que o passe-livre foi, durante muito tempo,
equivocadamente concedido na Cidade de Porto Alegre, por um Decreto do Prefeito
Municipal de Porto Alegre, e que numa reação desta Casa, depois de um acurado
exame pela Comissão de Justiça, num parecer de nossa lavra, levou o Município a
reconhecer esse equívoco e estabelecer essa Lei, reproduzida nos termos do
Decreto, que passou a vigorar e que concede um dia por mês, domingo ou feriado,
como dia de passe-livre para que a população de Porto Alegre circule no
veículo.
Indiscutivelmente, Sr. Presidente, já
dizíamos na ocasião - o Ver. Luiz Braz não vai se surpreender com o que vamos
dizer - que esse é outro dos tantos benefícios que nós Vereadores concedemos à
população de Porto Alegre e que é pago pelo usuário do sistema de ônibus.
Dificilmente algum dos Vereadores aqui da Casa – acho que nenhum dos Vereadores
aqui da Casa -, até pela natureza das suas atividades, se desloca em ônibus; se
desloca no seu veículo, se desloca de várias formas, mas não de ônibus. Por
isso nós vamos, mais uma vez, presentear um segmento da sociedade
porto-alegrense para que o usuário do sistema de ônibus pague por esse presente
que estamos dando.
Há pouco o Ver. Juarez Pinheiro nos
perguntava a quantos assistiam as concessões presentemente. Eu respondi a ele,
sem nenhum temor de erro, que, no mínimo, 30% da arrecadação do sistema
coletivo de transportes são comprometidos em função das isenções e das reduções
que se oferecem: isenções para o idoso, isenções para o excepcional, o
passe-livre de domingo, a meia passagem para estudante, e assim por diante.
Sr. Presidente, encerrando, quero dizer
que nós vamos ter que enfrentar esta matéria de frente e não na
superficialidade como vem sendo feito. Dar é muito bom! Eu gostaria de dar ao
desempregado a possibilidade de ele entrar em um ônibus e não pagar a passagem
na segunda-feira, mas é muito complicado. Por isso, nós temos que refletir
muito bem, Ver. Luiz Braz, antes de votar. V. Ex.ª não se surpreenda com a
minha posição, pois já foi colocada em outras oportunidades.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Dib) Apregoamos
a Emenda n.º 02, aposta ao PLCL n.º 022/00, de autoria do Ver. Raul Carrion,
que “altera o art. 2.º do PLCE n.º 022/00, acrescentando inciso III ao art. 3.º
da Lei Complementar n.º 362, conforme segue:
“III – ... comprove a sua condição de desempregado através da CTPS
e das Guias de Seguro-Desemprego, mensalmente, junto à Empresa Pública de
Transporte e Circulação (EPTC) ou órgão que a venha suceder.”
Apregoamos o Requerimento de autoria do
Ver. Raul Carrion, solicitando dispensa do envio da Emenda n.º 02, aposta ao
PLCL n.º 022/00, às Comissões. Em votação o Requerimento do Ver. Raul
Carrion. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
O Ver. Marcelo Danéris está com a palavra
para discutir o PLCL n.º 022/00.
O
SR. MARCELO DANÉRIS: Sr.
Presidente, Ver. João Antonio Dib; Srs. Vereadores e Sr.ªs
Vereadoras, primeiro, o que temos que ver sobre esse Projeto, Ver. Elói
Guimarães, é que não podemos acreditar que a Câmara de Vereadores vá acabar com
o passe-livre, Ver. Ervino Besson. O passe-livre é a garantia que a população
mais pobre desta Cidade, que população mais periférica desta Cidade - não do
desempregado, apenas, mas daquele adolescente, por exemplo, ou daquela mãe de
família, ou daquele pai de família - tem para se locomover na Cidade e
aproveitar as estruturas que a Cidade tem, principalmente, de lazer.
Acabar com o passe-livre, Ver. Ervino
Besson? Eu não posso acreditar que a Câmara de Vereadores de Porto Alegre vá
acabar com um dos maiores e melhores benefícios que essa população tem,
principalmente, a população mais carente, lá da Zona Sul, lá da Restinga, Ver.
Reginaldo Pujol, lá da Lomba do Pinheiro, lá do extremo Norte, lá do final do
Timbaúva, para poder pegar um ônibus e vir para a Redenção, usar o Marinha,
aproveitar os parque e praças; para que nós possamos fazer as campanhas de
saúde, de amamentação, de vacinação, aos domingos; para que essa população
carente possa estar acessando todos esses programas nos domingos.
Eu gostaria de concluir, Ver. Luiz Braz,
dizendo que, definirmos que o desempregado vai receber só na segunda-feira e só
aquele que recebe seguro-desemprego, além de tudo é uma injustiça, Ver. Pedro
Américo Leal, porque quem recebe seguro-desemprego, Ver. Elói Guimarães, já
está recebendo um salário, está assegurado por um salário que lhe é de direito.
O desempregado que não recebe seguro-desemprego, esse sim, que precisa, não
acessaria por esse Projeto.
Ora, é uma injustiça em cima da outra! O
seguro-desemprego dura seis meses. Então, não é possível que vamos limitar que
toda a população periférica... Vou dar um dado que a Comissão Especial de
Combate à Fome levantou. Nós temos, de quatrocentas e cinqüenta mil famílias,
cinqüenta e nove mil que vivem na linha da pobreza em Porto Alegre. São
cinqüenta e nove mil famílias que vivem na linha da pobreza, Ver. Ervino
Besson, que é Relator da Comissão Especial. Quantas dessas cinqüenta e nove mil
famílias estão acessando o seguro-desemprego? Quantas dessas cinqüenta e nove
mil famílias poderão usufruir da Cidade nas suas áreas de lazer, aproveitar os
programas de saúde? Ora, não é possível imaginar que a Câmara de Vereadores vá
acabar com o passe-livre. Se nós temos que melhorar o passe-livre, as condições
de transporte, o debate sobre a violência, “não vamos jogar a criança com a
água suja fora”, vamos preservar o passe-livre e vamos resolver o que se tem
que resolver, melhorar o que se tem que melhorar, mas não acabar com o
passe-livre.
O
Sr. Elói Guimarães: V.
Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu quero fazer três perguntas
a V. Ex.ª. Primeira, se o passe-livre é um custo imputado à tarifa; segunda, se
não é o passageiro que paga esse custo; terceira, como V. Ex.ª pode afirmar que
só os pobres, os que não têm dinheiro para a passagem usam o passe-livre,
quando não há um sistema de controle sobre isso? São três perguntas.
O
SR. MARCELO DANÉRIS: Vamos
responder pergunta a pergunta. É óbvio que tem custo, sempre tem custo,
inclusive a proposta do Ver. Luiz Braz, inclusive qualquer outra forma, por
exemplo, do idoso, da pessoa portadora de deficiência, todas tem custo no
sistema. Então, se é por problema de custo, nós não vamos aprovar nada aqui de
liberação.
Respondendo a segunda pergunta, quem paga
a tarifa são todos os passageiros de Porto Alegre. Alguns podem inclusive
reivindicar a distribuição de renda, mas já seria outro debate.
Sobre a sua terceira pergunta, que só os
pobres... Ora, nós não vamos fazer um sistema segregacionista aqui: quem
apresentar carteirinha de pobre...
O
Sr. Elói Guimarães: Estou
satisfeito.
O
SR. MARCELO DANÉRIS: ...vai
andar no sistema, Ver. Isaac Ainhorn. Porque senão nós não vamos preservar
sequer a dignidade das pessoas que acessam o serviço; elas vão estar lá,
segregadas, numa fila de ônibus, e outros vão dizer: “Lá estão os pobres.” Não,
nós queremos manter a dignidade das pessoas: que acessem o sistema de
transporte público todos aqueles que precisam acessar. Obviamente, quem mais
precisa é quem mais acessa.
O
Sr. Luiz Braz: V. Ex.ª
permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Marcelo Danéris, V. Ex.ª
afirmou que o meu Projeto terminaria com o passe-livre no dia de vacinação, no
dia de eleição. Eu acho que V. Ex.ª não leu o Projeto por completo...
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Vereador,
seu tempo está esgotado.
O
SR. MARCELO DANÉRIS: Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
(Aparte anti-regimental do Ver. Luiz
Braz.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Nobre
Ver. Luiz Braz, esta Presidência alertava que o tempo estava encerrado. Em
tempo encerrado o Vereador não pode dar aparte.
O
SR. LUIZ BRAZ: Não quero
dialogar com V. Ex.ª, nem tenho direito com relação a isso, mas este Vereador
já estava começando seu aparte no tempo normal e estava encerrando quando V.
Ex.ª cortou o som.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib):
O tempo já estava encerrado. Só demorei para avisar o Ver. Marcelo Danéris.
Peço desculpas a V. Ex.ª, mas realmente o tempo estava encerrado, e apenas
fechei o microfone porque...
(Aparte anti-regimental.)
Não vi também; peço desculpas.
O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra
para discutir o PLCL n.º 022/00.
O
SR. CARLOS PESTANA (Requerimento): Ver.
João Antonio Dib, gostaria de pedir verificação de quórum.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib):
Muito bem, visivelmente parece-me haver quórum; de qualquer forma faremos a
verificação.
O
SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem):
Sr. Presidente, é assente nesta Casa e em bases regimentais que, quando
solicitada a verificação de quórum, ela deve ser nominal, não pode ser por visibilidade.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Isso
não é uma Questão de Ordem, mas uma ordem na questão.
Eu disse que visivelmente havia quórum,
até porque para a discussão é preciso a presença de onze Vereadores, mas já que
o Vereador pediu...
O
SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Que
de agora se adote este princípio: é nominal a verificação de quórum.
O
SR. ISAAC AINHORN: Sempre
foi.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): O
Vereador tem razão. Por favor solicito a liberação do painel para que os nobres
Vereadores registrem as presenças. (Pausa.) (Após a apuração nominal.) Onze
Vereadores estão presentes; há quórum para discutir.
O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra
para discutir o PLCL n.º 022/00.
O
SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, a discussão que o Ver. Luiz Braz traz à colação
pode ser avaliada por diversos prismas. O primeiro é que o Vereador simplifica
e faz uma discussão pelas conseqüências e não da causa. Admito que o Vereador
esteja preocupado com a questão das pessoas que não conseguem encontrar
ocupação, os desempregados, e procura proporcionar-lhes possibilidade de
deslocamento para possivelmente buscar colocação no mercado de trabalho. Eu
entendo que o Ver. Luiz Braz, bem como sua força política, poderia buscar
outras formas de beneficiar esse cidadão. Ou seja, trabalhando para a
constituição de políticas públicas que pudessem gerar empregos e evitar que o
cidadão tenha de se submeter a receber inclusive uma autorização para se
deslocar de forma gratuita. Essa é uma primeira avaliação. O que é que nós
devemos fazer? É simplificar o debate? Atacar a questão da febre da pessoa? Ou
vamos atacar as causas; ou seja, a questão do desemprego em nosso País?
O
Sr. Isaac Ainhorn: V.
Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Na realidade, para atacar as
causas do desemprego, se fazem todos os esforços. Enquanto não se consegue
isso, tem o Programa Fome Zero e tantos outros programas. Mas eu quero...
O
SR. JUAREZ PINHEIRO: Ver.
Isaac Ainhorn, apenas para não transitar em julgado, eu estou lhe concedendo o
aparte. O Programa Fome Zero tem uma abrangência muito maior do que a questão
da fome e V. Ex.ª sabe disso. O Programa Fome Zero é um programa de geração de
emprego, é um programa de acesso da população...
O
Sr. Isaac Ainhorn: A
Igreja Católica é especialista nisso. A Igreja católica, na área da caridade,
da benemerência... mas nós não vamos entrar nesse debate. O que eu queria lhe
mostrar, até porque nós estamos de acordo...
O
SR. JUAREZ PINHEIRO: O
que eu queria é que V. Ex.ª, com a sua inteligência, pudesse fazer um aparte
breve e inteligente como o seu.
O
Sr. Isaac Ainhorn: V.
Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu só quero dizer que o Ver.
Ervino Besson está apresentando um Projeto de Lei que cria o passe-livre para o
estudante carente; daí, V. Ex.ª vai dizer: Mais um projeto viria nessa linha
“brazista”? Daí, eu diria: Não. Sabe por quê? Porque ele busca os recursos da
revogação de uma parte do dispositivo da Lei atual sobre o passe-livre,
então...
O
SR. JUAREZ PINHEIRO: V.
Ex.ª permite aparte?
O
Sr. Isaac Ainhorn: Mas
com todo o prazer, Vereador, eu lhe devolvo a palavra que é totalmente sua, eu
apenas quis, Vereador, trazer aqui o antídoto ao “brazismo” que está tomando
conta.
O
SR. JUAREZ PINHEIRO: Exatamente,
eu quero chamar atenção que de forma alguma busco com isso dizer que o Ver.
Luiz Braz e agora o Ver. Ervino Besson estão trazendo propostas singelas. Não é
essa a análise. Eu pediria, Vereador... Vou conceder-lhe o aparte, mas já
falou, eu estou iniciando a minha intervenção, mas concedo-lhe o aparte,
Vereador.
O
Sr. Luiz Braz: V. Ex.ª
permite um aparte? (Assentimento do orador.) Agradeço a V. Ex.ª. Vou ser muito
breve. A nossa proposição está tramitando aqui há cerca de três anos e a
proposição do Ver. Ervino Besson entrou no mês passado, então não posso
comparar aquilo que é uma luta que a gente faz há muito tempo aqui...
O
SR. JUAREZ PINHEIRO: Muito
bem, Vereador. Me sobrou um minuto. Bem, eu acho que não é possível que nós
venhamos fazer aqui o que não podemos. Quem é que tem condições de fazer
isenções?
Em primeiro lugar, sob o ponto de vista
material, Ver. Pedro Américo Leal, quem poderia decidir sobre isenções são
aqueles que pagam na ponta a sua tarifa diariamente, e mais de 50% dos que pagam
a sua passagem são famílias que recebem menos do que três salários mínimos.
Esses poderiam decidir aqui sobre isenções, em vez de fazermos aqui demagogia.
Esses teriam direito material. Sob o ponto de vista formal, quem tem direito de
tratar sobre isso é quem tem a concessão, é quem dá a permissão, é quem dá a
concessão, e nós sabemos que o Poder Legislativo, Ver. Luiz Braz, não é aqui
dono de sesmarias, como eram os reis de Portugal, para doar aos seus súditos
principais. Nós somos uma Câmara de Vereadores que temos regras, temos um
Estado Democrático de Direito que estipula quais são as competências do Poder
Executivo, quais são as competências do Poder Legislativo, e nas regras que
regem o Poder Legislativo não se encontram aquelas que nos permitem aqui doar o
que não é nosso. Nós não temos o direito de onerar mais de 50% das famílias que
utilizam o transporte público, que recebem até três salários mínimos,
simplesmente com um projeto sem qualquer base de dados, sem qualquer análise,
simplesmente porque um iluminado Parlamentar entendeu que tem de retirar a
passagem de um segmento. Por mais importante que ele seja, Ver. Luiz Braz,...
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Tempo
encerrado, Vereador.
O
SR. JUAREZ PINHEIRO: Para
concluir, Sr. Presidente, depois de
tantos apartes, pouco pude aqui desenvolver o que eu queria. Mas, em primeiro
lugar, quem pode tratar dessa matéria são os que pagam o transporte e não somos
nós que não pagamos, isso sob o ponto de vista de fundamento de razão
ontológica; agora, sob o ponto de vista formal, a Câmara Municipal não reúne,
pelo Estado Democrático de Direito, pelas regras que nos fazem aqui reger o
nosso trabalho, a mínima condição. Não concedemos concessões, não damos
permissões, não temos competência, Ver. Luiz Braz, para fazer isso que V. Ex.ª,
com tanta tranqüilidade, o fez. Mesmo querendo atacar a dor de cabeça e não a
causa possa fazer aqui a alegria e justiça inclusive com alguns, mas fará
grande injustiça com a maioria dos usuários do serviço de transporte. O Ver.
Pujol já falou que mais de 30%, hoje, do preço da tarifa já é onerado com
isenções. Se continuarmos nessa, vão fazer com que paguem 100%.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Com
satisfação anuncio a presença do Ver. Eliseu Ângelo de Moraes, Presidente da
Câmara Municipal de São Luís Gonzaga e pertence ao PDT. Bem-vindo e sinta-se em
casa.
O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra
para discutir o PLCL n.º 022/00, por cessão de tempo do Ver. Isaac Ainhorn.
O
SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr.
Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores. O Ver. Isaac Ainhorn
faz uma brincadeira, em parte, V. Ex.ª foi gentil, porque ocupou grande parte
de minha intervenção com apartes e agora me colocou na obrigação de ocupar
tribuna. Eu penso que temos de fazer um debate sobre isso.
O que eu quero chamar atenção, Ver. Pedro
Américo Leal, é que não é possível - e acredito que a Ver.ª Clênia Maranhão é
uma Vereadora importante neste debate - que nós venhamos aqui de uma forma
absolutamente simplificada, Ver. Luiz Braz, sem qualquer elemento técnico,
mexermos na planilha de custo da tarifa de Porto Alegre.
O Ver. Luiz Braz sabe que faz cinco anos
que o IPK desta Cidade vem caindo, ou seja, o número de passageiros por
quilômetro rodado tem decrescido de forma sensível em Porto Alegre. Isso é
sério, isso é técnico. Isso reflete na passagem que cada um paga, ou seja, o
IPK de Porto Alegre, Ver. Luiz Braz, por uma série de razões, vem diminuindo a
cada ano, fazendo com que o conjunto da população, ao fim e ao cabo, seja
onerado no custo da passagem. O que eu quero chamar a atenção - V. Ex.ª conhece
esse tema, porque trabalha no seu mandato - é que, como já temos o IPK caindo e
já temos dificuldades para manter a qualidade do nosso transporte, se
começarmos a cada Sessão, por mais justas que sejam as isenções propostas, a
isentarmos um determinado setor da sociedade do pagamento da sua passagem, nós
estaremos onerando, Ver. Luiz Braz, o conjunto da população. O Ver. Elói
Guimarães - que é do setor - fez uma análise, elaborou de forma correta, mas a
sua conclusão não condiz com a inteligência do raciocínio com que elaborou,
apesar de ter elaborado corretamente.
Pergunto-lhe, Ver. Luiz Braz - se V. Ex.ª
pode-me responder -, como ficam, por exemplo, as mais de cento e cinqüenta mil
pessoas que vivem na informalidade nesta Cidade? Essas pessoas seriam
contempladas pela sua iniciativa? Quanto por cento dos desempregados, hoje,
podem comprovar que têm seguro-desemprego? Que dados V. Ex.ª tem para nos dizer
o que é que vai influir na planilha de custos, o que é que isso vai implicar no
IPK, o que é que isso vai pesar no bolso da população? Que dados V. Ex.ª tem
para nos informar? Ou, simplesmente, V. Ex.ª acha que vou colocar lá os
desempregados que comprovarem e eles não vão pagar passagem? O que eu quero
dizer, Ver. Luiz Braz - V. Ex.ª aprovou, no ano passado, projetos de
importância, de relevância – é que esta Casa precisa ter um pouco mais estudos
técnicos, a meu juízo, nesses projetos que têm tanta repercussão na vida das
pessoas. Talvez, por meio das Comissões - nós temos a Comissão dos Transportes
-, porque não é possível que o Projeto chegue aqui sem qualquer dado que nos
possa dizer - consulto V. Ex.ª - o que é que isso altera o IPK, o que é que
isso altera a planilha de custo. V. Ex.ª tem essa repercussão?
O
Sr. Luiz Braz: V. Ex.ª
permite um aparte? (Assentimento do orador.) V. Ex.ª criticou o Projeto sem o
conhecimento desses dados. Eu posso afirmar que, hoje, a massa que utiliza o
transporte coletivo nesse dias de passe-livre é muito maior do que a massa de
trabalhadores capaz de comprovar a sua situação de desemprego, mês a mês,
conforme diz o Projeto que dá validade de, apenas, três meses para que o
desempregado possa utilizar o transporte coletivo nas segundas-feiras. A
discussão pelo IPK, acredito que V. Ex.ª, que é um Vereador inteligente, não
poderia fazer, porque V. Ex.ª sabe que está laborando em erro.
O
SR. JUAREZ PINHEIRO: Pode
continuar, Vereador. O que eu laboro em erro no IPK, Vereador?
O
Sr. Luiz Braz: V. Ex.ª
está dizendo que eu estou colocando mais um contingente de pessoas e que, de
repente, vai comprometer o IPK. Não é verdade. Eu estou retirando um grande
contingente de pessoas que, hoje, onera exatamente o IPK, para colocar um
pequeno contingente que vai melhorar a tarifa. Nós vamos melhorar a tarifa!
O
SR. JUAREZ PINHEIRO: Ver.
Luiz Braz, o que V. Ex.ª, então, está fazendo, se bem entendi, é querer
diminuir as pessoas que utilizam um dia no mês o passe-livre. Então é isso. Eu
penso que V. Ex.ª é réu confesso de que quer acabar com o passe-livre. Não
tenho, então, mais nada a dizer. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
Por
exemplo, o Ver. Raul Carrion entrou com uma Emenda, que daria direito ao
passe-livre aos que comprovassem a sua condição de desempregado por meio da
carteira profissional e guias de seguro desemprego mensalmente, junto à Empresa
Pública de Transportes e Circulação (EPTC).
Nós
sabemos que grande parte dos empregados, hoje, não possuem carteira
profissional. Quem está recebendo seguro-desemprego, pelo menos, ainda continua
recebendo um salário. Sabemos também, através de dados que a Folha de São Paulo publicou
recentemente, que, no nosso País, um trabalhador com menos de quarenta anos,
quando está desempregado, leva em média trinta e seis semanas para obter um
novo emprego, e um trabalhador acima de quarenta anos leva em média cinqüenta e
três semanas, ou seja, mais de um ano para conseguir um novo emprego.
Em Porto Alegre, já faz alguns anos, um
dia por mês, aos domingos ou, excepcionalmente, alguns dias - e o Ver. Luiz
Braz coloca isso no bojo de seu Projeto –, como dias de vacinação ou outro
significativo muito especial no nosso Município, existe aquele dia de
passe-livre, e a população, como um todo, não paga.
Não é feita nenhuma exigência: se a
pessoa mora ou não mora em Porto Alegre, se ela é adulta ou não é adulta, se
trabalha ou não trabalha. Ou seja, o espírito do domingo foi uma concepção de
que seria o dia de lazer e recreação, para que as pessoas pudessem se locomover
dentro do Município para conhecer e visitar lugares, para fazer o intercâmbio
familiar, e nós sabemos, muitas vezes, a dificuldade que as pessoas têm para
visitar os seus familiares.
O
Ver. Luiz Braz nos coloca uma outra situação, que eu digo que é justa, é
pertinente, mas o que vejo é a dificuldade da implantação como um todo, porque
ela é um paliativo, pois não resolve no todo. E, quando eu digo no todo, é que
ela não facilita o acesso, por exemplo, das pessoas que não têm emprego no
mercado informal e que gostariam de tê-lo, porque, na realidade, todo
trabalhador gostaria de ter a sua carteira assinada, mas não se consegue. Hoje,
na realidade, o que falta no nosso País - e cada vez mais temos que discutir
isso - é política de geração de renda e emprego. Não existem. Muito poucas
políticas públicas são feitas para a geração de emprego e renda.
O
Sr. Raul Carrion: V.
Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu queria considerar que
existem só dois aspectos no Projeto do Ver. Luiz Braz: um que trata do dia do
passe-livre, esse nós fizemos um destaque e votaremos contra, porque achamos
que o passe-livre é um direito democrático da população. A segunda parte cria
uma nova isenção, que é nas segundas-feiras, para os desempregados. Essa é a
parte que nós adotamos, junto com a manutenção do passe-livre, e só
condicionamos, cercamos um pouco, porque, num País com 54% de trabalhadores sem
carteira assinada, não podemos abrir a porteira.
Então, só para deixar clara a nossa
posição, pelo menos.
O
SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Não,
eu respeito a posição, mas quando V. Ex.ª diz que não pode abrir a porteira,
está cerceando. Ou o processo é universal ou não é universal, porque nós
estamos, no caso, dificultando ou tentando criar determinados guetos.
Então, este Projeto, Ver. Luiz Braz, eu
volto a dizer, na sua intenção, é muito bom, mas a viabilidade de colocá-lo na
prática é algo difícil, porque, em Porto Alegre, hoje, há um milhão de
usuários, então, de que forma seria feito? Porque, na realidade, nenhuma
passagem é gratuita, pois é feito um cálculo tarifário que hoje facilita
militares, 50% dos estudantes, pessoas com necessidades especiais e acima de
sessenta e cinco anos de idade. Ou seja, um contingente enorme de pessoas já
não paga suas tarifas. É meritório, mas vejo a dificuldade de colocá-lo em
prática. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib):
Encerrada a discussão do PLCL n.º 022/00. Em votação.
A Mesa recebe um Requerimento, de autoria
do Ver. Luiz Braz, que solicita que seja adiado o processo de votação do PLCL
n.º 022/00 por duas Sessões.
Em votação o Requerimento do Ver. Luiz
Braz. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
(discussão: todos os
Vereadores/05minutos/com aparte;
encaminhamento: bancadas/05 minutos/sem
aparte)
PROC.
3161/01 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 020/01, que autoriza a alienação de imóvel
próprio municipal, localizado na Rua João Alfredo, onde existiu o n.º 716, aos
lindeiros Inês Armida Favero, Cláudio Augusto Favero, João Pedro Favero e
Sandra Cleofe Faccio. Com Emenda n.º 01.
Pareceres:
- da CCJ. Relator Ver. Nereu D’Avila: pela rejeição do Projeto e da
Emenda n.º 01;
- da CEFOR. Relator Ver. João Carlos Nedel: pela aprovação do Projeto e
da Emenda n.º 01;
- da CUTHAB. Relator Ver. Antonio Hohlfeldt: pela aprovação do Projeto e
da Emenda n.º 01;
- da COSMAM. Relator Ver. Aldacir Oliboni: pela aprovação do Projeto e
da Emenda n.º 01.
Observações:
- para aprovação, voto
favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA - art. 82, § 1º, VIII, da
LOM;
- incluído na Ordem do Dia em 17-03-03;
- discutiu a matéria o
Ver. R.Pujol, em 12-05-03;
- adiada a discussão por
duas Sessões.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib):
Em discussão o PLE n.º 020/01. (Pausa.)
O
SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem): Sr.
Presidente, quando é submetido à Mesa um requerimento para verificação de
quórum, esse requerimento tem de ser votado. Pergunto a V. Ex.ª se ele não
precisa ter dezessete Vereadores em Plenário para a sua votação, porque é um
requerimento. Então, não basta termos onze Vereadores em Plenário; dezessete
são necessários, sempre, para a votação. Estou fazendo uma Questão de Ordem a
V. Ex.ª, e não estou contrariando a atitude da Mesa, mas, naquele momento em
que foi feito o Requerimento para verificação de quórum, acredito que nós não
tínhamos quórum suficiente para votar o Requerimento, não para continuarmos a
Sessão, porque precisaríamos ter dezessete Vereadores em Plenário para votarmos
o Requerimento.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Nobre
Vereador Luiz Braz, é muito inteligente a colocação de V. Ex.ª, mas se fosse
como diz V. Ex.ª, eu teria que colocar o Requerimento em votação, dar
oportunidade aos Vereadores presentes e encaminhá-lo. Isso não se constitui
exatamente num Requerimento, é um pedido comum de verificação de quórum. Eu sei
que estou falando com um jurista e eu sou um pobre engenheiro, mas eu jamais vi
encaminharem a votação de um requerimento dessa ordem. Portanto é uma
solicitação, vale dizer que é requerimento, eu posso dizer: “Eu estou
requerendo verificação de quórum, eu solicito verificação de quórum”, mas não
pode ser encaminhado.
O
SR. JUAREZ PINHEIRO: Presidente,
para colaborar com a discussão, até para demais casos, se V. Ex.ª permitir, com
essa tolerância de sempre, se o Vereador tivesse dúvidas e se não tivesse
iniciado a discussão de outro Projeto, o Vereador poderia ter pedido
verificação de votação, e poderia apreciar o que deseja, mas V. Ex.ª já tinha
vencido e já tinha colocado, inclusive, em discussão e votação outro Projeto.
Portanto, prescreveu o direito do Ver. Luiz Braz.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Eu
acho que o Ver. Luiz Braz colocou muito bem, mas como engenheiro raciocina dois
mais dois igual a quatro, de repente nem se socorre do Regimento. Mas a
Diretoria Legislativa é muito mais atenta do que eu, o bom senso sempre triunfa.
(Lê.) “Determinar a verificação de quórum a qualquer momento da Sessão, direta,
de ofício ou atendendo Requerimento do Vereador.” Não tem discussão.
O
SR. LUIZ BRAZ: Requerimento
de votação. Para requerimento...
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Determina
a verificação de quórum. De acordo com V. Ex.ª, eu não poderia determinar a
verificação de quórum, porque não haveria dezessete Vereadores.
O
SR. LUIZ BRAZ: Quando se
coloca em votação qualquer Requerimento, para essa votação, temos de ter dezessete
Vereadores. Mas, Sr. Presidente, é claro que, como temos dúvidas, eu falo para
o Ver. Juarez Pinheiro que, naquele momento, não era possível pedir
verificação, porque a votação já foi nominal. E em votação nominal não se pede
verificação. Só quando a votação é simbólica.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib):
Mas nobre Vereador, não houve votação, foi registro de presença.
O
SR. LUIZ BRAZ (Requerimento):
Sr. Presidente, peço a V. Ex.ª que o Requerimento seja enviado à Comissão de
Justiça, para que ela possa elaborar um parecer a respeito deste assunto.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib):
Nobre Vereador, nós estamos reformulando o Regimento, e penso que V. Ex.ª, com
o brilhantismo que o caracteriza, poderá fazer uma emenda que será estudada
para utilização ou não do novo Regimento da Casa.
O
SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr.
Presidente, eu agora não entendi a decisão da Mesa, confesso, até para outros
casos. O Vereador pediu adiamento de votação por duas Sessões. Esse
Requerimento precisaria ser apreciado pelo Plenário.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib):
E foi.
O
SR. JUAREZ PINHEIRO: E
foi de forma simbólica. Como eu disse a V. Ex.ª, se o Vereador tem dúvida da
votação, ele poderia pedir verificação de votação. Correto?
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib):
Sem dúvida.
O
SR. JUAREZ PINHEIRO: O
Vereador pediu adiamento de votação, V. Ex.ª verificou e foi adiada, por meio
de uma votação simbólica. Mas se o Vereador pedisse verificação de votação, se
não tivéssemos dezessete Vereadores no Plenário, seria anulada aquela votação.
O
SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): Mas
de qualquer forma, aí sim, nós teríamos o encerramento da Sessão, não haveria
votação e não haveria necessidade de adiar por duas Sessões. Aliás, eu cheguei
a propor ao Ver. Luiz Braz que colocasse em votação.
O
SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr.
Presidente, eu apenas digo o seguinte: já havia prescrito que V. Ex.ª, para ele
pedir a verificação de votação não haveria mais tempo, porque V. Ex.ª já estava
em outro processo, mas, se por acaso, ele houvesse pedido verificação de
votação e não houvesse dezessete Vereadores, aquela votação não teria sido
realizada, seria nula. Correto?
O
SR. LUIZ BRAZ: Eu peço,
neste momento, verificação de quórum.
O SR. PRESIDENTE (João Antonio Dib): (Após a apuração nominal.) Verifico
nobre Ver. Luiz Braz, que não há mais quórum. Encerro a presente Sessão,
convidando, novamente, os Srs. Vereadores para, amanhã, comparecerem ao
gabinete do Presidente, às 9h30min, quando S. Ex.ª, o Prefeito Municipal,
estará presente, entregando o Projeto de Lei das Diretrizes Orçamentárias para
o próximo ano, ao mesmo tempo em que estará à disposição de todos os Srs.
Vereadores para responder o que lhe for perguntado. Estão encerrados os
trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se a Sessão às 17h58min.)
* * * * *